No
último fim de semana, viajei a Juiz de Fora para participar do
casamento de um casal de amigos que me convidou para ser padrinho.
Para
facilitar a compreensão do texto, dividirei o mesmo em títulos
contendo partes desse longo fim de semana.
Espero
que aproveite a leitura.
RAÇÃO
AOS PORCOS
Quinta-feira,
às 23 horas, saí de casa rumo ao aeroporto. Meu voo saia por volta
de uma da manhã de sexta.
No
horário previsto, o avião decolou rumo a Guarulhos (minha primeira
parada). Não recordo a hora que cheguei em Guarulhos, mas uma coisa
chamou a minha atenção: a pressa das pessoas em levantar e sair do
avião – que desespero! Parecia que tinham liberado a ração dos
porcos...foram várias pessoas levantando e pegando suas bagagens,
numa agonia sem fim, como se isso fizesse a porta do avião abrir
mais rápido – e não fez. Ficaram todos segurando suas malas em
fila indiana, esperando a porta ser aberta.
PERFUME
NO AVIÃO? (O QUE NÃO FAZER EM UM AVIÃO)
Por
volta de 8 da manhã de sexta, saí de Guarulhos rumo ao Galeão, no
Rio de Janeiro.
Uma
viagem rápida e tranquila, cuja tranquilidade somente fora
interrompida no momento do pouso.
Dessa
vez, diferentemente do ocorrido no pouso em Guarulhos, o avião não
foi direto ao local destinado à sua parada – o piloto aguardava a
liberação da vaga do avião. Assim, após o pouso, o avião ficou
parado no meio do aeroporto por volta de 20 min, esperando sua vez de
parar no local próprio.
Como
sempre ocorre, os comissários de bordo alertaram os passageiros,
informando que deveríamos ficar sentados, de cinto, até o momento
em que a luzinha do cinto apagasse. Embora tenha sido nítido e claro
o recado do comissário de bordo, imediatamente uma senhora
levantou-se e abriu o bagageiro de mão para pegar sua mala. Vendo o
ocorrido, o comissário repetiu o alerta, solicitando que “os
passageiros se sentassem” - só tinha ela em pé.
Observando
que aquela senhora ignorou totalmente o segundo aviso, ele repetiu o
alerta, de uma forma um pouco mais ríspida e deixou claro que não
era para ninguém mexer no bagageiro até que fosse autorizado. Após
esse terceiro aviso, a senhora maleducada finalmente se sentou e
ficou quieta no lugar dela.
Passados
alguns minutos, outra cena chamou a minha atenção: ao lado dessa
senhora apressada e desobediente, tinha uma outra senhora ainda mais
sem noção que ela. A outra senhora simplesmente começou a passar
seu perfume em pleno avião. Isso mesmo, como não podia tirar o
cinto, nem levantar ou pegar a mala, ela resolveu adiantar sua vida e
passar perfume ali mesmo.
Por
favor, jamais façam isso. Nada justifica tamanho egoísmo e
desrespeito com os demais.
Isso
tudo e eu nem havia chegado ao meu destino final.
CARTÃO
DE VISITAS DO RIO
Após
horas de sono mal dormido no trajeto avião-aeroporto-avião-aeroporto,
cheguei no Rio de Janeiro por volta das 9h30min. Do aeroporto peguei
um ônibus com destino à rodoviária.
No
trajeto, vi um famoso cartão-postal do Rio que não tinha visto
antes (já tinha ido ao Rio duas vezes):
Numa
passarela estavam dois jovens (não sei precisar a idade, mas
pareciam ter vinte e poucos anos) sentados, aparentemente aguardando
o tempo passar. Eu achei estranho eles estarem parados lá. Realmente
era uma atitude suspeita – eu jamais ficaria parado ali esperando
seja lá o que for – e estranha. Mais estranho do que isso foi ver
dois policiais subindo as escadas da passarela enquanto apontavam
suas armas (um deles estava com um fuzil!!!) para os dois jovens.
O
ônibus passou e não tive como ver o que aconteceu depois. Mas isso
já foi uma cena marcante para quem assistira ao filme Tropa de Elite
alguns dias atrás.
RJ-JF
(DURMA ANTES OU SOFRA DURANTE)
Chegando
na rodoviária, peguei um ônibus com destino a Juiz de Fora.
A
previsão da viagem era de 3 horas. Porém não é fácil sair do Rio
numa sexta-feira. Saí da rodoviária do Rio por volta de 11h30min.
Somente uma hora depois finalmente consegui chegar na BR – o Rio
está em obras – tamanho o número de engarrafamentos que peguei.
A
viagem RJ-JF foi tranquila, mas longa demais. Quando se está
morrendo de sono, viajar de ônibus pode ser uma tortura. Você dorme
e acorda mil vezes.
A
paisagem é linda. O percurso é cheio de montanhas para todo o lado.
Mas
eu tinha muito sono. Dormia. Acordava. Via as montanhas.
Dormia.
Acordava. Via as montanhas.
Dormia.
Acordava. Via as montanhas.
Dormia.
Acordava. Via as montanhas.
Dormia.
Acordava. Via as montanhas.
Fiz
isso por mais de vinte vezes e nunca chegava em JF.
JUIZ
DE FORA: O QUE DEVEMOS COPIAR?
Passado
o sofrimento da viagem de ônibus, finalmente cheguei em JF.
Eu
imaginava que iria para uma cidadezinha do interior de Minas. Mas
não, Juiz de Fora é uma cidade relativamente grande e bem urbana,
bem diferente do que eu esperava. A sua arquitetura lembra muito a da
cidade do Rio de Janeiro e tem alguns traços de São Paulo também.
Lá,
tive a sorte de ficar hospedado em um hotel que fica em frente a uma
praça bem interessante. Nessa praça, vi uma coisa que nunca vira
antes: eles têm uma área reservada aos cachorros. Isso mesmo, a
praça é dividida em basicamente quatro partes: quadra de futebol,
área de skate, playground e área dos caninos.
Nessa
área, toda cercada, os donos levam seus cachorros e os deixam
soltos. Eles brincam entre si. Correm de um lado pro outro, pulam,
rolam...é um show a parte.
Amei
o lugar e buscarei providenciar algo parecido aqui em Manaus.
Quem
tiver sugestão de como fazer, por favor, entrar em contato.
O
BAR DO BIGODE E O GARÇOM SINCERO
Noite
de sexta é o momento de libertação de muitos brasileiros. Em Juiz
de Fora não é diferente. Lá, como aqui, não tem mar nem muitas
opções para os jovens se divertirem. Assim, no pouco que andei, vi
muitos bares lotados, inclusive com muita gente comendo/bebendo em pé
do lado de fora dos bares.
Fui
a um bar indicado pela anfitriã: o Bar do Bigode.
É
um bar tradicional de Juiz de Fora, conhecido por ter o melhor
torresmo da região.
Lá,
encontrei o noivo e alguns amigos. Conversamos bastante até
conseguirmos ser atendidos – sim, o atendimento foi tão ruim e
demorado quanto o de muitos bares daqui de Manaus. O atendente, um
garçom muito doido – cujo nome não e recordo - que soltou algumas
pérolas. Para melhor exemplificar, citarei alguns diálogos (ou o
que lembro deles) ocorridos naquela noite:
Numa
mesa de 9 pessoas, uma fala:
-
Garçom, me vê um caldo de feijão.
Ele
responde: Ok, um caldo de feijão pra cada!
-
Não pô, só eu quero um caldo de feijão, os outros querem pedir
outras coisas.
-
Ah, então assim é melhor eu ir pegar a caderneta pra anotar os
pedidos.
Pegada
a caderneta, ele começa a anotar os pedidos. Um outro membro da
mesa, vegetariano, pergunta:
-
Tem carne nesse caldo de feijão?
Singelo,
ele responde: - eu vou trazer um procê e você me diz se é bom ou
não!
-
Eu só quero saber se vem carne ou o que vem nesse caldo…
-
Pera, vou trazer um procê, se tiver ruim, eu mesmo pago…
Nesse
momento, ele vai embora pedir o caldo de feijão do carinha
vegetariano.
Voltando,
ele pergunta, de forma bem apressada:
-
O que mais vocês querem?
Alguém
retruca:
-
Calma, você está com muita pressa, amigo
Ele,
ainda mais delicado, responte:
-
Vocês tão fodidos comigo...pegaram o pior garçom daqui HAHAHA
Depois
dessa, vamos ao próximo título.
MONTE
THE WALKING DEAD CRISTO
No
sábado, por volta de 9 da manhã, enquanto as madrinhas se
maquiavam/arrumavam os cabelos, fui a um ponto turístico tradicional
de Juiz de Fora: o Monte Cristo.
Para
chegar lá, eu peguei um táxi. Como não conhecia a cidade e não
tinha muito tempo – eu tinha que voltar antes do almoço -, essa
foi a melhor opção.
O
taxista me levou no topo do monte e me informou que dificilmente eu
conseguiria pegar ônibus ou táxi lá em cima, razão pela qual ele
me passou o número da central de táxis e falou para ligar para lá
quando quisesse ir embora. Ok – eu pensei – vou ligar não. Vou
dar o meu jeito de voltar pro hotel.
Lá,
pude ver porque ele é o ponto turístico mais recomendado da cidade.
Localizado em um dos pontos mais altos de JF, a vista do alto do
Monte Cristo é realmente incrível. Além da possibilidade de ver
boa parte da cidade, lá de cima, é possível ver a “cordilheira”
de montes e montanhas que cerca Juiz de Fora. Uma paisagem bem
diferente para um manauara. Senti uma paz muito grande lá em cima.
Passados
alguns minutos – uns 20 eu acho -, resolvi que era hora de descer –
até porque estava frio e com jeito de que ia chover. Conversei com
um senhor que vendia água e perguntei se era seguro descer o monte a
pé. Ele disse “até hoje, nada nunca aconteceu...sempre foi seguro
andar por esse caminho”. Ok, era tudo que eu queria ouvir. Comprei
uma água e desci o monte.
O
caminho, muito sinistro por sinal, foi completamente solitário.
Ninguém descia ou subia o monte. Eu não ouvia nada além do som da
floresta que cerca o caminho. Típica cena da série The Walking
Dead. Faltava só alguns zumbis pra me colocarem para correr. Ainda
bem que não apareceu nenhum haha
Desci
e finalmente cheguei à estrada principal. Ela já não era mais tão
isolada, pois passava alguns carros, mas ainda era sinistra, visto
que não havia mais ninguém caminhando.
Nela,
caminhei e caminhei e nada de encontrar algum táxi.
Em
um certo ponto, começou a chuviscar. “Estou ferrado” – pensei.
Já estava frio antes, imagina se chovesse.
Andei
mais um pouco até chegar em uma área um pouco mais civilizada,
quando busquei abrigo em uma academia. Lá perguntei se tinha algum
ponto de táxi perto. A resposta foi bem consoladora: “tem nenhum
aqui perto não, mas talvez você tenha sorte de encontrar algum na
avenida”.
Ok.
Como não estava chovendo, segui minha caminhada solitária.
Após
uma hora de caminhada e algumas paradas para pedir informação em
postos de gasolina, finalmente conseguir pegar um táxi. Era meio
dia. Fui para o hotel almoçar.
CASAMENTO NO HARAS MORENA
No
sábado, às 14:30 entrei na van para ir para o haras onde seria
realizado o casamento.
O
casamento começou por volta das 16 horas.
O
haras, um local lindo, com direito a lago, gramado verde, montes,
flores e pinheiros. Elementos estes que juntos, formaram uma paisagem
de beleza indescritível.
Para
completar, o Sol deu as caras exatamente no momento do início da
cerimônia e se escondeu minutos após o fim da mesma. Um dos
trabalhadores do Haras disse que não tinha feito Sol em nenhum dia
da última semana, que tinha sido uma semana fria e de clima de
chuva.
Definitivamente,
foi um presente do Universo aos noivos.
E eles
merecem.
O
casamento foi lindo. Esteticamente falando, foi impecável.
Ainda
mais linda foi a energia do casamento.
A natureza ao redor, o amor em torno do casal, a energia positiva vinda de todos os lados.
Não falarei mais, pois nada do que eu diga será capaz de descrever com exatidão o que foi essa tarde/noite do dia 29/8/2015.
A
ENERGIA DOS PERNAMBUCANOS
O
noivo, meu amigo Marcos, é pernambucano. Olindense.
Sua
família e seus amigos também.
E
eles foram ao casamento.
Que
energia eles têm!!!
Dançaram
por mais de 5 horas sem parar. Com três horas de festa, eu já
estava esgotado – assim como os demais convidados (amazonenses,
mineiros, cariocas, etc). Mas os pernambucanos estavam a mil. E como
dança esse povo! É frevo na veia. É frevo na véia. É frevo no
véio. É frevo na menina e no menino também. Todos dançam muito.
Saí de lá convicto de que tenho que passar pelo menos um carnaval
em Olinda e participar do Bloco dos Sujos (bloco de rua criado pelo
noivo e por seus amigos).
PRA
QUÊ DOIS DESPERTADORES? POR QUE NÃO COLOCA SOMENTE UM QUE FUNCIONE?
Após
o casamento, um ônibus nos trouxe de volta ao hotel. Tínhamos que
dormir porque no dia seguinte, a van que nos levaria ao Rio de
Janeiro partiria às 7 da manhã.
Eu,
como sou um cara prevenido, coloquei dois despertadores para tocar,
pois assim acordaria de certeza. Um estava programado para tocar às
5:30 e o outro às 5:40. Não tinha como dar errado, visto que esses
despertadores já me fizeram ir trabalhar mesmo depois de notes
homéricas.
Pois
bem, acordo às 7:20 com o telefone do quarto tocando. Na linha, uma
amiga pergunta: você já está descendo?
De
imediato, respondo – sim, estou a caminho.
Quando
olho pro relógio e vejo: 7h20min. Não dava mais tempo.
Liguei
de volta e falei que não iria com a van.
Assim,
uma nova aventura se inicia.
TÁXI
EM JUIZ DE FORA: NÃO TÃO VELOZES E FURIOSOS, MAS VIVENDO A VIDA NO
LIMITE
Pegamos
um táxi com destino à rodoviária de JF. Um senhorzinho tranquilo e
pacato.
Seguíamos
nosso caminho tranquilamente até que um outro táxi emparelha com o
nosso e o outro taxista buzina e pergunta:
-Troca
cem?
-Troco
sim – responde o nosso taxista.
A
partir daí teve início uma cena típica de cinema de Hollywood: os
táxis seguiram emparelhados e se aproximaram, quase que batendo um
no outro por diversas vezes, enquanto os taxistas tentavam trocar o
dinheiro.
O
engraçado é que eles passaram por uma faixa de pedestre que tinha
uma mulher esperando para atravessar. Eles poderia simplesmente ter
parado para a mulher passar, enquanto trocavam o dinheiro, mas não,
assim não teria graça. O bom mesmo é trocar o dinheiro com os
carros em movimento.
Após
alguns segundos de emoção – e muitas buzinadas vindas dos carros
de trás – finalmente eles conseguiram trocar a grana e seguir
viagem.
Ainda
tivemos que ouvir o seguinte comentário do taxista:
-Esse
pessoal é muito agoniado.
Não,
meu senhor, você que é um completo sem noção!
Esse
foi o ponto alto da viagem. Adrenalina na veia.
DE
VOLTA PARA A MINHA TERRA
Após
fazer o percurso JF-RJ de ônibus em 2h15min, numa viagem bem mais
rápida que a ida, fui para o Galeão e peguei o voo para Brasília.
Nada demais aconteceu nesse trajeto – só o tradicional ritual da
ração dos porcos (descrito no primeiro título), que já passou a
ser comum, porque ocorreu em todos os voos que fiz.
De
Brasília para Manaus, aconteceu mais do mesmo, mas um pouco
diferente.
Quando
o avião pousou, antes mesmo das luzes do cinto se apagarem ou de ter
algum aviso dizendo para não se levantarem porque as portas ainda
estavam fechadas, 90% das pessoas levantaram ao mesmo tempo e
correram para pegar suas malas, inclusive empurrando e quase batendo
a mala na cabeça dos outros. A partir daí o ritual da “ração
dos porcos” passou a ser batizado de “quem quer dinheiro?”.
Isso porque a impressão que tive foi que alguém gritou “Quem
levantar primeiro ganha R$1.000,00!!!” Eu não ouvi isso, mas as
pessoas devem ter ouvido, pois só isso justifica tamanha pressa e
agonia para levantar e ficar 15 minutos em pé com a mala na mão.
CURIOSIDADES
DE VOAR PELA TAM*
*Tópico
extra, contendo coisas que ocorreram em todos os voos.
Todos
os meus voos foram pela empresa TAM. E em todos eu notei algumas
coisas estranhas:
1.
O cão fantasma
Após
cada pouso, há um cachorro que late de forma sincronizada por
aproximadamente dois minutos sem parar. Não vi nenhum cachorro, mas
o latido é igual ao de um rottweiler. Se alguém souber me dizer o
que é esse latido, fico grato. Pois minha inteligência não me
permite crer que há um rottweiler em cada aeroporto esperando cada
voo chegar.
2.
A linguagem rebuscada dos comissários de bordo
Alguém
sabe porque diabos os comissários de bordo ficam falando “portas
em automático” e “portas em manual”?
Não
seria muito mais fácil e acessível se falassem simplesmente “portas
fechadas” e “portas abertas”?
CONCLUSÃO
Esse
foi o resumo – não tão resumido assim – da minha viagem de um
fim de semana. Espero que tenha gostado.
Para
quem chegou até aqui, deixo meu recado final:
Viaje!
Experimente!
Se
arrisque!
Saia
da sua zona de conforto!
Viva
intensamente cada segundo!
Seja
feliz!
Muito obrigado
Gabriela Frade e Marcos Souza pela amizade e pelo carinho.
Parabéns
mais uma vez!!!