Sou
vida,
mas
busco morte
Sei
voar, flutuar,
mas me
prendo a qualquer suporte
Sou
metamorfose revolucionante,
mas
busco permanência
Sou
livre da ideia do pecado,
mas
ainda pago a minha penitência
Sou
imperfeição em movimento,
mas
busco ser perfeito
Sou uma
alma nômade
que
desaprendeu o jeito
Sou
flecha lançada,
com
medo do alvo e saudade do arco
Sou
bebê na barriga
aguardando
a dor do parto
Sou
trem sem freio,
mas
queria ser um carro parado
Sou o
salva-vidas
que
nunca chega atrasado
Sou
barco à deriva,
mas
busco um porto para atracar
Sou
cavalo selvagem
sem
pasto para cavalgar
Sou o
Sol que ilumina,
mas
muitas vezes esqueço e acho que sou escuridão
Sou
terra fértil,
mas às
vezes ajo como se fosse um furacão
Sou
fonte de luz e amor,
mas sou
também errado e errante
Não
sou imune ao sofrimento e à dor,
mas sou
resiliente e forte o bastante
Sou
humano e inacabado,
mas
também sou persistente e confiante
Sou
encantador de animais,
mas
busco algo que realmente me encante
Sou
otimista e visionário,
mas
também tenho minhas limitações
Sou um
com o todo,
mas
vivo me perdendo nas minhas individualizações
Sou a
revolta do adolescente,
a fúria
do oprimido
Sou o
medo existente
na
noite de quem não tem abrigo
Sou
águia livre para voar,
mas que
deseja ser serpente
Sou
aquele que um dia te fez chorar,
mas que
hoje te faz muito contente
Sou o
som do silêncio
e a
prisão do liberto
Sou a
inocência da criança
e a
vivacidade do esperto
Sou a
sabedoria do ancião
que
soube observar e absorver o mundo
Sou o
rio que desceu a montanha
e se
fundiu com o oceano profundo
Sou
tudo, sou nada
Não
fui, nem vou
Não
sou definido por rótulos
Simplesmente,
sou.