sábado, 25 de agosto de 2018

Eu sou

Sou vida,
mas busco morte
Sei voar, flutuar,
mas me prendo a qualquer suporte
Sou metamorfose revolucionante,
mas busco permanência
Sou livre da ideia do pecado,
mas ainda pago a minha penitência
Sou imperfeição em movimento,
mas busco ser perfeito
Sou uma alma nômade
que desaprendeu o jeito
Sou flecha lançada,
com medo do alvo e saudade do arco
Sou bebê na barriga
aguardando a dor do parto
Sou trem sem freio,
mas queria ser um carro parado
Sou o salva-vidas
que nunca chega atrasado
Sou barco à deriva,
mas busco um porto para atracar
Sou cavalo selvagem
sem pasto para cavalgar
Sou o Sol que ilumina,
mas muitas vezes esqueço e acho que sou escuridão
Sou terra fértil,
mas às vezes ajo como se fosse um furacão
Sou fonte de luz e amor,
mas sou também errado e errante
Não sou imune ao sofrimento e à dor,
mas sou resiliente e forte o bastante
Sou humano e inacabado,
mas também sou persistente e confiante
Sou encantador de animais,
mas busco algo que realmente me encante
Sou otimista e visionário,
mas também tenho minhas limitações
Sou um com o todo,
mas vivo me perdendo nas minhas individualizações
Sou a revolta do adolescente,
a fúria do oprimido
Sou o medo existente
na noite de quem não tem abrigo
Sou águia livre para voar,
mas que deseja ser serpente
Sou aquele que um dia te fez chorar,
mas que hoje te faz muito contente
Sou o som do silêncio
e a prisão do liberto
Sou a inocência da criança
e a vivacidade do esperto
Sou a sabedoria do ancião
que soube observar e absorver o mundo
Sou o rio que desceu a montanha
e se fundiu com o oceano profundo
Sou tudo, sou nada
Não fui, nem vou
Não sou definido por rótulos 
Simplesmente, sou. 

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