quinta-feira, 27 de junho de 2019

Nós cegos

No ápice da tua beleza,
Eu estive presente
No auge do teu desleixo,
Fiz o meu deleite
No calor das tuas coxas,
Montei meu abrigo
E de lá só saí
Quando fui expulso

Nós desarmados
Nós entrelaçados
Nós cegos
Nós de olhos fechados

Você, vivendo a vida tão leve,
Tão livre, tão linda,
Com tanta harmonia
Eu, como um leão enjaulado,
Repleto de energia,
Ansioso para ver, tocar, sentir,
Sugar cada gota do tutano da vida

Na evidente colisão
Entre mente e coração
Não há vencedor ou perdedor
Apenas aprendizados espalhados pelo chão
Meu espelho quebrado em mil pedaços
Você refletindo em todos eles
Seu coração, mais uma vez despedaçado,
Eu, novamente culpado, como em tantas outras vezes

Erros foram cometidos
Onde o silêncio prevaleceu
Sabores tão bons antes sentidos
Deram lugar ao amargor da paixão que morreu
Mas nada nessa vida é em vão
E por pior que pareça a experiência
Nela tem escondida pelo menos uma lição
E às vezes até a chave para novas ótimas vivências

Quero que saiba que sinto muito
Caso tenha lhe causado dor
Eu nunca tive a intenção
De te fazer sangrar
Você tem um lugar especial na minha vida
Está tatuada no meu coração
Sou muito grato por tudo que aprendi contigo
E espero que nossos universos continuem a se chocar

E que cada nó desfeito
Volte a se entrelaçar
Como quando nós, desarmados,
Conseguimos nos entregar
E que os nós-cegos
Passem a enxergar
Tudo o que nós de olhos fechados vimos
No escuro quando, juntos, passamos a tatear

Saiba também, meu bem,
Que o amor persistiu, lutou e venceu
E a nossa incendiária paixão
Como uma fênix, mais uma vez renasceu
E agora voa livre
Despejando chuvas de chamas
Sobre nossas peles molhadas de suor
Estendidas em cima da tua cama


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