Por
que será que é tão difícil amar?
E,
mais ainda, manter-se amando a todo instante?
Acredito
que a resposta a estas perguntas venha com a compreensão e vivência
da maturidade.
Em
regra, somos orgulhosos e combativos demais, imaturos para viver
plenamente o verdadeiro amor.
Falamos
vários “eu te amo” vazios, somente pró-forma, mas não
conseguimos sustentar por mais de um dia completo esse tal “amor”.
Amamos
enquanto nos é conveniente, bastando uma contrariedade para colocar
em xeque todo o nosso “sólido e verdadeiro” amor.
Nossos
egos são grandes demais para amarmos de verdade..
Temos
apenas vislumbres do quão bom seria apenas alguns dias em completo
amor…
Por
isso a paixão é tão viciante. Ela tem parte do sentimento bom do
amor, mas, quando compartilhada, não há contrariedade.
O
apaixonado fica cego demais para ver os defeitos do outro. E toda sua
energia é direcionada às qualidades tão reluzentes.
Mas,
como tudo na vida, a paixão, por mais intensa e insana que seja, um
dia passa…
Mas
e o amor?
O
amor é reação. É escolha.
Como
todas as reações, cabe a nós escolhermos como e quando utilizá-lo.
Escolher
amar é abrir mão do orgulho e da competitividade; é abandonar a
violência.
Amor
e violência nunca estão na mesma dimensão.
Onde
há violência, não há amor.
Pode
gritar o “eu te amo” mais alto que puder, mas se agir com
violência, você não está amando.
E
por violência, entenda qualquer violência, especialmente a verbal,
que é a mais comum entre “os que se amam”.
Onde
há amor, não há violência.
Acho
que o melhor exemplo disso é a entrega de um cão ao seu dono.
Óbvio
que um cão pode deixar de amar o seu dono e ser violento um dia, mas
para que isso aconteça, tem que haver um esforço gigantesco do dono
em busca disto…
O
amor, então, é o abster-se de se ofender com as contrariedades que
a vida traz; é atravessar o oceano sem se molhar; é ter consciência
do que realmente importa.
É,
com certeza isso é o amor: estado de consciência do que realmente
importa.
O
desafio é manter-se constantemente consciente disto e escolher amar.
Outra
coisa que confunde muito é a falsa noção de que o amor que
sentimos é pelo outro ou que surgiu por causa do outro.
O
amor é algo imanente ao ser humano (talvez a todos os animais...ao
menos aos mamíferos sim); algo que está conosco, mas que muitas
vezes nem lembramos.
É
certo que o outro atua muitas vezes como um catalisador, mas o amor
já estava lá.
Acredito
que a iluminação tão almejada por algumas culturas é simplesmente
o estado de amor constante e sem destinatário específico, ou
melhor, destinado a todos os seres e ao Universo.
E
como fazemos para atingir este estado?
Ainda
não cheguei lá, mas os poucos passos que dei nesta direção me
ensinaram que a chave é aprender com cada imprevisto e trazer a
consciência para os erros de forma a evitar repeti-los. É escolher amar custe o que custar. Mas isso exige planejamento e preparo.
Não
tenha pressa para chegar logo ao resultado e curta o caminho;
Talvez,
você consiga aprender a se amar um pouquinho mais a cada passo que
dá na direção do amor verdadeiro...e talvez descubra que talvez o
verdadeiro amor aos outros somente seja possível quando o seu
amor-próprio for tão grande que ocupe todo o seu ser, não deixando
qualquer espaço vazio para ser ocupado por qualquer tipo de
violência (que, por sua vez, nada mais é do que a expressão
distorcida da nossa incapacidade de real comunicação).