sábado, 27 de julho de 2019

Selvagem

Quando a angústia domina, é gerado um aperto no peito
Que estrangula ainda mais o já sufocado coração
Não me resta outra saída, a não ser repensar o caminho,
Deixar tudo para trás e seguir em outra direção

Quando a mente se perde e paro de usar a razão,
Entrego-me ao momento e esqueço de manter aquela imagem
Que demorei tanto para criar e que carrego comigo sem saber o real motivo,
Pois a verdade é que só me sinto vivo quando sou tomado pelo meu lado selvagem

Quando fecho os olhos e me jogo de cabeça no desconhecido
Quando me lambuzo e sugo cada gota do tutano da vida
Sem pensar nas consequências, sem temer o perigo
Dos instantes que verdadeiramente valem a pena de serem vividos

Mas correntes nos tornozelos me mantém aprisionado
A uma sociedade a qual eu não pertenço,
Não me adéquo; até finjo, mas realmente não me encaixo,
Pois suas regras e dogmas apenas me deixam cada vez mais tenso

São vários valores e obrigações que não fazem sentido para mim
Que devem ter sido criados por pessoas que desconhecem o prazer em viver
Pois castram a mais pura natureza que nos é latente
E tornam morna a vida daqueles que a seguem cegamente

Mas uma vida morna não é algo que me apetece
Não nasci para seguir os passos de ninguém,
Nem para ter um lugar para chamar de meu
Sou filho do vento, da velocidade e da estrada
Sou do tipo que se arrepende do que fez de errado,
Mas jamais daquilo de que ainda não viveu

Eu brindo à liberdade, aos amores errantes e aos amigos ausentes,
Pois brindar ao que já se tem simplesmente não faz sentido
Também brindo a uns tais de deuses novos e antigos
Aos quais lhe confesso que, no fundo, não acredito

A boêmia que pulsa em meu peito é quem me faz dançar
E cantar bem alto a bela música que sai daqui de dentro
Mas, às vezes, apenas o silêncio é capaz de me comportar:
É quando a poesia extravasa e dá vazão a todo este sentimento

Aliviando a angústia que envenena em doses homeopáticas
E que vai me matando aos poucos dia a dia;
Que é causa de tantas reflexões homéricas,
Que muitas vezes estragam pequenos momentos de alegria

Mas, para terminar de forma otimista este manifesto,
Convido-lhe a uma breve reflexão:
Se a dor é inevitável e o sofrimento é uma escolha,
Não é questão de escolha deixar ir todo peso que se carrega no coração?

Então pare de trair a si mesmo
E busque viver aquilo que lhe faz sentir-se inteiro
Aquilo que faria se tivesse apenas mais 6 meses de vida
Tudo o que não deixaria de experimentar antes da hora de sua partida...

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