Ao
longo do tempo, o homem cria muros para se proteger.
Muralhas
protegiam os castelos na Idade Média. Muros protegem as nossas casas
hoje.
Mas
os muros não apenas protegem, os muros separam, segregam.
Muros
separam as nossas casas das casas dos vizinhos. Muros mantém os
presidiários no presídio e os segregam do resto da sociedade. Muros
nos separam da natureza que constantemente tenta retomar o terreno
que sempre foi dela.
Muros
separaram e ainda separam os homens por diversos motivos:
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A China passou 20 séculos construindo a muralha de 8.850 Km de comprimento para defender-se dos ataques dos povos nômades do norte;
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Um muro bem menor, mas de maior importância histórica atravessou Berlim e dividiu o mundo durante a Guerra Fria;
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Outros muros também construídos no período pós-2ª Guerra Mundial, foram os muros da Irlanda do Norte. Estes foram construídos para separar os católicos, apoiadores da unificação da Irlanda, dos protestantes, favoráveis à permanência da integração da Irlanda do Norte com o Reino unido. Tendo como mais famoso o Muro de Belfast (capital da Irlanda do Norte), estes muros duram até hoje, mas estão com os dias contados. A previsão é que até 2023 sejam todos eles destruídos;
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Na ilha do Chipre, após a sua independência na década de 60, vários conflitos ocorreram entre a sua população (a maioria de origem grega e uma minoria de origem turca), gerando a necessidade de intervenção esterna para que um “cessar fogo” fosse efetivado. Criou-se então uma zona de paz, chamada de linha verde, que dividiu o território cipriota em dois. Essa linha atualmente, também chamada de “zona de tampão”, separa as duas comunidades através de uma combinação de barricadas, sacos de areia, arame farpado e postos de guarda;
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Tendo o início da sua construção em 1994, o muro que separa a fronteira dos Estados Unidos da América com o México tem por objetivo impedir a entrada de imigrantes ilegais que buscam melhores condições de vida ao entrar clandestinamente no território estadunidense;
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Mais atual, tendo início em 2002, o Muro da Cisjordânia (também chamado de Muro de Israel) foi criado para servir de barreira entre o território árabe da região da Cisjordânia e o território judeu, representado pelo Estado de Israel;
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Em 2014, a Arábia Saudita terminou o muro de 900 quilômetros construído no deserto para separar a sua fronteira com o Iraque. O objetivo deste muro é impedir a entrada de pessoas, armas e mercadorias, contendo, assim, possíveis ofensivas terroristas jihadistas iraquianos e de membros do Estado Islâmico.
Analisando
esses exemplos, nota-se que os muros criados sob as mais diversas
justificativas foram, na verdade, criados em decorrência da nossa
incapacidade de comunhão com os demais da nossa espécie.
Não
aceitamos os demais como eles são e dessa falta de empatia e
compaixão surgem os sentimentos que substanciam os diversos
conflitos que sempre assolaram a humanidade.
Sentimentos como
intolerância, inveja, cobiça, ambição, medo, ódio, preconceito,
egoísmo, entre outros similares, além de criarem muros que nos
separam dos demais, refletem a ausência do principal sentimento que
existe: o amor.
Jonh
Lennon combateu todas as espécies de muros que separam os homens na
sua clássica música “Imagine”, cuja tradução transcrevo
abaixo.
É
fácil se você tentar
Nenhum
Inferno abaixo de nós
Acima
de nós, só o céu
Imagine
todas as pessoas
Vivendo
o presente
Imagine
que não houvesse nenhum país
Não
é difícil imaginar
Nenhum
motivo para matar ou morrer
E
nem religião, também
Imagine
todas as pessoas
Vivendo
a vida em paz
Você
pode dizer que eu sou um sonhador
Mas
eu não sou o único
Espero
que um dia você junte-se a nós
E
o mundo será como um só
Imagine
que não ha posses
Eu
me pergunto se você pode
Sem
a necessidade de ganância ou fome
Uma
irmandade dos homens
Imagine
todas as pessoas
Partilhando
todo o mundo
Você
pode dizer que eu sou um sonhador
Mas
eu não sou o único
Espero
que um dia você junte-se a nós
E
o mundo viverá como um só”
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