segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Consciência Negra

Há exatamente uma semana, enquanto passava um tempo no Largo São Sebastião, tive o prazer de conhecer um senhor que se autodenominou Fernando do Recife.
 
Um artista de rua, ator, professor, revolucionário e, acima de tudo, um agricultor que semeia ideias.

Conversamos por pouco mais de meia hora e foi o suficiente para que eu aprendesse grandes lições e tivesse excelentes reflexões.

Hoje compartilharei apenas uma: por mais empatia e compaixão que eu tenha, bem como por mais esforço que eu faça, eu nunca saberei o que é ser negro e sofrer preconceito por isso.

O racismo é algo que infelizmente ainda existe – e como existe!! - na nossa sociedade e em grande parte do mundo.

O negro sofre racismo de tantas formas ditas “sutis” que pessoas como eu (dito branco/pardo, de pele clara) nunca saberão o que é de fato o racismo.

Com muita empatia e esforço, podemos ter uma ideia, mas nunca saberemos de fato o que é isso.

Mas o pouco que sei (que aprendi ao conversar com pessoas negras incríveis como o Fernando), me dá ferramentas suficientes para falar um pouco sobre o assunto.

Como todo preconceito, o racismo também tem origem no MEDO do diferente.

Naturalmente, nós, humanos, sentimos insegurança quando lidamos com algo novo, desconhecido. O preconceito surge justamente quando essa insegurança torna-se medo, pavor.
Nesse momento, passamos a estereotipar alguém com base em uma única característica (em regra, física). Assim, o ser humano com a cor de pele dita negra passa a ser definido como negro, independentemente das mais de 1 milhão de características que possua. Da mesma forma, o ser humano homossexual passa ser taxado de gay e apenas isso. E o mesmo pode ser dito sobre loiras, mendigos, gordos, pivetes, tatuados, entre outros seres humanos que, ao serem “definidos” (ou enquadrados) por pessoas com preconceito, são limitados a uma única característica.

Da mesma forma que surge, o preconceito acaba quando o inverso acontece: quando adquire-se consciência.

Quando passamos a ter consciência de que o outro (independentemente da sua aparência externa ou de sua forma de pensar) é um ser humano extremamente complexo e incrível como nós, os preconceitos caem por terra.

Óbvio que isso não é um processo tão fácil quanto descrito acima. É algo gradual que vem com muito esforço.

Eu mesmo, por muito tempo, tive medo de homens homossexuais. Isso aconteceu porque cresci ouvindo que deveria ficar longe de gays, pois poderia ser estuprado por eles. Além disso, quando adolescente, por duas ocasiões, fui alvo de assédio por parte de homens. Felizmente, nada de grave ocorreu. 
Na primeira ocasião, quando eu tinha entre 13 e 14 anos, um senhor falou que eu era bonito e pediu para eu dar um beijo nele. Isso ocorreu em um ônibus. Saí de perto dele e desci do ônibus assim que me pareceu seguro.
A segunda situação ocorreu no mesmo ano, dessa vez no banheiro do terminal de ônibus. Entrei para lavar a minha mão. Enquanto lavava, vi de canto de olho um movimento vindo da área onde ficavam os mictórios. Quando olho, um outro senhor estava virado para a minha direção balançando o pênis e sorrindo para mim. Saí imediatamente do local.

Esse foi o contato que tive com homossexuais até os meus 18 anos.

Quando entrei na faculdade, tive a honra de conhecer um dos melhores amigos que tenho e que é homossexual. Através dele, conheci vários outros (de ambos os sexos) tão incríveis quanto ele.

Assim, com a consciência advinda dessa amizade (e com as outras posteriormente), acabou em mim qualquer preconceito relacionado a homossexuais. Passei a entender que eles são seres humanos exatamente iguais a mim e que apenas desejam ser felizes tanto quanto eu. Também entendi que os dois episódios aos quais me referi foram “protagonizados” por pedófilos e não por homossexuais. Não que eles não fossem homossexuais também, mas se for para “enquadrá-los” em apenas um estereótipo, o correto é o de pedófilos (ressalto que acredito que o ideal é evitar taxar qualquer pessoa de qualquer coisa que seja. Mas, para fins de compreensão da mensagem que desejo transmitir, é útil essa taxação em específico).

Com relação aos negros, não foi diferente.

O racismo que havia em mim era decorrente do racismo generalizado que flui na sociedade e que é passado de geração a geração.

Cresci sem ter contato direto ou proximidade com negros.

Na adolescência, um dos meus maiores “rivais” da época de colégio foi um negro. Mas esse não era o motivo da nossa desavença. Com o passar do tempo, percebi que nos tornamos rivais pois éramos muito parecidos e ambos externalizávamos aspectos que não gostávamos de nós mesmos. Mas isso demorou a ser algo consciente em mim…

Após muitos anos, já na faculdade e no trabalho, tive oportunidade de conhecer mais negros e de criar grandes amizades com alguns deles. Da mesma forma com relação aos homossexuais, percebi que, independentemente da cor da pele, somos todos iguais e apenas desejamos ser felizes.

Passei a aplicar o mesmo raciocínio para todos os tipos de preconceito que percebi em mim. E essa forma de consciência tem me ajudado muito a ser um ser humano melhor e mais tolerante e empático.

Assim, acredito que o feriado de hoje não deve passar em brando e ser apenas mais um dia de folga. 
Acredito que devemos de fato refletir sobre o racismo existente na nossa sociedade e vermos formas saudáveis de lidar com situações que envolvam preconceitos, de forma a exterminá-los primeiramente de nosso interior e posteriormente da sociedade como um todo, bem como de forma a ensinar as pessoas a olhar para o próximo com igualdade, compaixão e, principalmente, empatia.

Desejo a você muita luz, empatia consciência e reflexão, bem como um olhar sincero para todos os seus preconceitos.
 

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

1º de Novembro*

Vida de músico realmente não é nada fácil. São 2h25min e estou aqui no meu quarto tocando e cantando baixo (para não acordar aqueles que dormem no quarto ao lado), rabiscando algumas folhas de caderno, gravando e ouvindo a minha própria voz a cada "passagem de som". Terei que acordar daqui a 3hrs. Muito provavelmente, acordarei cansado e ficarei querendo dormir pelo resto do dia. Mas, para mim, esse sacrifício vale muito a pena. Estou correndo atrás do meu sonho e do meu objetivo. Só o fato de não ficar parado, esperando cair um milagre do céu, já me faz muito bem.
Eu não sei qual é o seu sonho, mas seja lá qual for, se mexa! Corra atrás e faça acontecer! Ficar parado, apenas planejando ou adiando o que poderia ter sido feito hoje, não vai fazer você alcançar seu sonho e/ou objetivo. Falando nisso..sempre tenha sonhos grandiosos, mas tenha também objetivos que possam ser atingidos a curto, médio e longo prazo. É a realização de seu objetivo que viabilizará que seu sonho se torne realidade. O sonho é o fim, o objetivo é o meio. O início é a sua dedicação, disciplina e coragem para começar a agir.
Aproveite cada minuto livre para tornar real o seu sonho. Saia da inércia. Realizar um sonho só depende de quem o sonha. Se você tem um sonho (eu realmente espero que você tenha algum, pois um homem sem sonhos é apenas alguém que sobrevive à espera da morte, é uma bússola sem norte), feche seus olhos por um minuto e pense no que você tem feito para torná-lo real. Já? Agora pense no que você pode fazer para que seu sonho se concretize o mais rápido possível. E aí, já tem uma resposta? Certo, agora pegue a resposta da segunda pergunta e comece a fazer tudo que estiver nela. Comece pelo mais simples: mexa-se e saia da sua zona de conforto! Depois, gradativamente, vá realizando cada pedaço da sua resposta, cada objetivo a ser alcançado, até que o quebra-cabeça esteja completo. Quando fizer isso, você terá cumprido vários objetivos e realizado seu sonho. Essa é a parte da sua vida que você chamará de felicidade. Você poderá olhar para trás e ver que cada sacrifício realizado para cumprir os objetivos e superar os diversos obstáculos que surgiram no meio do caminho valeram a pena. Quanto maior a sua dedicação, disciplina e seu esforço, mais intensa será a sua sensação de felicidade. Bom, após alcançar seu objetivo, bem como seu sonho e a felicidade dele decorrente, chegará a hora de arrumar um novo sonho, com novos objetivos e uma outra sensação de felicidade mais à frente. Busque-os com toda sua força, com mais dedicação, disciplina e vontade do que você teve na busca do 1º sonho.
Bom dia para você! Que o esse 1º de Novembro seja o dia no qual você dará o seu 1º passo rumo aos seus objetivos, ao seu sonho e à sua felicidade. #quemacreditasemprealcança #saiadainércia #rockismyreligion #daluzeusounaluzeumemovo

*texto escrito na madrugada do dia 1/11/2013 e publicado no facebook

terça-feira, 31 de outubro de 2017

O nosso problema

Ainda somos muito egoístas
Assim, esquecemos que estamos ligados aos demais
Por isso acabamos comprometendo a nossa felicidade
E jogamos fora a nossa tão almejada paz

Comprometemos, também,
O bem-estar daqueles que nos cercam
Pois as nossas atitudes refletem em todos ao nosso redor
E eles, que tanto acertam,
Acabam sofrendo ao se deparar
Com a incompletude do nosso lado pior

Aquele lado egoísta e insensível
Autoritário e imprevisível
Que apenas olha para o próprio umbigo
E acaba deixando os inocentes presos num eterno castigo

Esquecemos do que realmente importa
De que a vida não é feita de verbos no infinitivo
Mas sim de percepções e ações no presente
Guiadas pelo mais puro sentimento instintivo

Perdemos muito tempo distraídos
Projetando o futuro a partir de traumas do passado
Deixando o presente momento de lado
Enquanto a vida vai escorrendo devagarinho pelo ralo

Ver alguém importante para você
Sofrendo sem ter porquê
Apenas porque você não soube lidar consigo
Acaba se tornando um peso que carregará para sempre contigo

Mas há cura para a tua dor
E, assim como todas as curas,
Ela também vem do mesmo amor
Que recompõe todas as rachaduras

O amor pelos outros
O amor por si
O amor em movimento
Que flui dentro de mim e de ti

Outro detalhe importante
É passar a esquecer o depois
E focar no aqui e agora
Anular as inseguranças e os medos
Bem como todo e qualquer desejo
E se deixar guiar pela voz que vem do coração
Exercendo aquilo que muitos chamam de intuição,
Mas que prefiro chamar de autoconsciência,
Focando toda a sua energia no estado de presença
Aproveitando ao máximo cada segundo
Sem se preocupar com o futuro
E viver, assim, uma vida leve,
Consciente, plena e feliz
Como você de fato merece, 
Sendo livre para fazer o que realmente sempre quis


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Nada é para sempre

Tudo na vida passa
A infância divertida
Uma noite mal dormida
A maior paixão vivida

Tudo na vida passa
O relacionamento de dias ou anos
A pior das dores
A vermelhidão dos olhos em prantos

Tudo na vida passa
As flores coloridas da estação
O frio congelante do inverno
A marquinha do biquíni no verão

Tudo na vida passa
O vício insaciável
O coração despedaçado
O para-choque do carro amassado

Tudo na vida passa
O caos durante o terremoto
A calmaria depois da tempestade
E até mesmo o momento de necessidade

Nada é para sempre
Nem mesmo nossos planos, sonhos e desejos
Nem temores, pavores ou medos
Nada é para sempre e tudo um dia passa

Tudo na vida passa
Tem fim tudo que existe
Apenas as boas lembranças que ficam
Enquanto e até aonde a memória permite

Sendo assim, o que nos resta é aproveitar
E viver intensamente cada segundo
E se algum dia à minha vida você nunca mais retornar
Quero que saiba que tua passagem foi suficiente para sacudir o meu mundo

Pois muito aprendi e muitas boas lembranças construí
Enquanto estive aí perto, junto contigo
Mas sou confiante e no fundo do coração eu sinto
Que por muitas e muitas vezes ainda sentirei o calor do teu corpo aqui comigo

O mundo dá voltas
Os ventos mudam de direção
Assim como os pensamentos
De quem é livre o suficiente para seguir o seu coração

E você é águia que voa
É fera indomável
Com olhos de loba
E um lindo sorriso indecifrável

Aproveite o seu bom momento
Sem olhar para trás
Vivendo sem arrependimentos 
E continue conquistando a tua própria paz

Conte comigo para o que precisar,
Pois sei muito bem ser tanto protetor e guia,
Um grande amigo inseparável,
Quanto uma excelente companhia
E um amante insaciável. 
 

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Arrisque. Confie. Ame.

Ontem de manhã, li um relato triste de uma péssima experiência vivida por uma amiga.
Ela disse foi para um show na madrugada de sábado para domingo e decidiu sair antes da apresentação do cantor principal.
Assim, por volta das 4h, ela saiu do evento sozinha, uma vez que seus amigos decidiram continuar no show e não havia a possibilidade de sair e voltar para ver o show sem ter que pagar novo ingresso.
Ao sair, viu que não havia ninguém na rua..ocasião em que lembrou que o seu carro estava bem longe do local (cerca de 4min de caminhada). O medo tomou conta de sua mente.
Ao verificar que um casal também saiu do show, abordou-os e pediu (praticamente implorando) que eles a acompanhassem até o carro porque a rua estava vazia e estava com muito medo.
Eles simplesmente falaram que não era problema deles e que não podiam fazer nada por ela.
Depois disso, em prantos e apavorada, ela caminhou sozinha nesse longo percurso até chegar ao seu carro.
Felizmente, nenhum mal aconteceu.

Quando li essa história, eu fiquei muito triste com o tamanho da indiferença vivida por ela.
Como poderia alguém agir como esse casal agiu?
Eu entendo que Manaus é uma cidade extremamente perigosa, mas ninguém deveria ser tratado como ela foi.

Ainda ontem, ao sair da Faculdade Nilton Lins (eu estava na Unimed cuidando do meu avô), próximo à primeira parada de ônibus, eu avistei uma mulher visivelmente atordoada se atirando na frente dos carros, pedindo carona/ajuda.
Vi 3 carros passarem direto antes de passar por ela. Eu também não parei. Ela estava próxima a um matagal onde não dava para ver caso tivesse alguém escondido lá.
Porém, senti uma angústia muito grande em meu peito e um sentimento muito forte dizendo para eu parar e ajudá-la.
Era por volta de 16h20min e eu tinha um compromisso às 17h. Isso também ajudou a que eu não parasse de primeira. Veio aquele pensamento de “não tenho tempo” - pura mentida egoísta!
Ainda em fração de segundos, lembrei da história lida de manhã e da angústia e do sofrimento vividos pela minha amiga. Decidi voltar para oferecer ajuda.
Fiz a volta no quarteirão e passei bem devagar por perto do matagal, olhando se não havia risco de ser assaltado quando parasse. Não havia ninguém escondido e nenhum risco aparente.
Parei. Perguntei se podia ajudá-la de alguma forma.
Ela estava chorando e com muita dificuldade de se expressar.
Mas aceitou. Disse que eu poderia levá-la rua acima.
Ela entrou no meu carro, eu ofereci água e pedi para que ela se acalmasse.
Me apresentei. Perguntei o nome dela. Cristiane.
Dirigi enquanto conversava com ela.
Ela tinha passado por péssimos momentos antes de que eu parasse para conversar com ela.
Ela tinha feito um teste de emprego em uma sanduicheria para ser chapeira. Porém, devido ao fato de não saber fritar carne de hambúrguer artesanal, ela foi humilhada de várias formas e não foi contratada, recebendo R$150,00 por 12h de trabalho.
Ao sair do local, devido à forma que foi tratada, ela perambulou sem rumo pelas ruas, indo do CSU até a Nilton Lins, sem saber como tinha feito isso, nem lembrando que caminhos tomou.
Próximo à faculdade, encontrou um bar e resolver beber. Bebeu tanto que perdeu os R$150,00 ganhos, se envolveu em uma briga e levou um soco de um homem que bebia com ela (não necessariamente nessa ordem).
Não bastasse isso, em algum momento da noite, ao ligar para sua mulher (ela é homossexual), elas brigaram e sua mulher disse que sairia de casa e que estava terminando com ela.
Depois o telefone ainda descarregou.
Em algum momento do domingo, ela voltou a vagar sem rumo.
Quando eu a abordei, às 16h20min, ela não parecia embriagada, mas claramente estava emocionalmente destruída.
E literalmente perdida, sem saber onde estava e nem sequer se lembrando de onde morava.
Nós conversamos por mais de 2h.
Ela tem a minha idade (25 anos). Mas tivemos história de vida bem diferente.
Ela tem um filho de 4 anos que deixou na casa dos pais após se assumir como lésbica. O pai dela é extremamente homofóbico e o convívio era impossível. Como ela saiu de casa sem ter emprego e sem condições de sustentar o filho, ela o deixou com os avós. Esses dois fatos (a rejeição por parte do pai e o abandono do filho) foram claramente marcantes para ela e trazem muita dor para a sua vida.
Ela ainda mantém contato com o filho e com a mãe.

Após muita conversa, ela foi se lembrando das coisas. Fomos ao bar que ela tinha estado, pois ela quis conversar com algumas pessoas para saber do dinheiro dela. Sem resultado. A mulher que cuidou das coisas dela afirmou que não pegou o dinheiro dela.
Depois que saímos de perto do bar, continuamos conversando até que verifiquei que ela estava bem melhor. Ela entendeu que, por pior que seja, uma hora essa dor vai passar.
Ela também se lembrou de onde morava. No bairro Zumbi, próximo ao T5.
Dirigi até uma parada de ônibus que passava algum ônibus que servia para ela chegar em casa. Dei dinheiro para que ela pegasse o ônibus (ela estava sem dinheiro)e anotei em uma folha de papel as coordenadas que ela deveria seguir para chegar em casa.

Ao nos despedirmos, ela me agradeceu muito e disse que estava pensando em se matar e que eu fui um anjo em sua vida.
Nos abraçamos. Ela desceu do carro e foi para a parada esperar o ônibus. Eu segui o meu caminho.
Cheguei no meu compromisso com 2h de atraso. Mas valeu muito a pena cada segundo.

Após tudo isso, senti uma necessidade gigantesca de escrever e compartilhar essa história.
Sabe, se eu não tivesse lido a história da minha amiga, eu talvez não tivesse parado para ajudar a Cristiane. E talvez ela hoje fosse mais uma vítima da depressão e do suicídio.
A história da minha amiga me inspirou a agir diferente da maioria das pessoas.
A indiferença vivida por ela me revoltou e me fez ficar ainda mais atento ao próximo e às suas necessidades.
Sei que nem sempre podemos ajudar o próximo.
Sei que a cidade está muito perigosa e o que fiz foi arriscado.
Mas também sei que precisamos confiar mais.
Precisamos amar mais e julgar menos.
Precisamos cuidar do outro.

Juntos somos mais fortes.
Juntos podemos mudar o mundo e torná-lo melhor do que é.

Sejamos a mudança.
Façamos o milagre acontecer.

Amar é ação. Nem que seja apenas ouvir e abraçar. Apenas isso já pode ser o suficiente para salvar uma vida ou, pelo menos, para melhorar o dia de alguém.

Dedico o meu pensamento positivo à Cristiane e a todas as pessoas que estejam passando por um momento difícil.


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Dia atípico.

Hoje está sendo um dia de novas experiências.

O meu avô está internado na Unimed. Agora ele está melhor, mas teve dias difíceis.
Como não tinha nenhum familiar que pudesse cuidar dele hoje e nesse momento tenho a possibilidade de fazer o meu trabalho em qualquer lugar, fui passar o dia cuidando dele.
Chegar mais cedo do que o solicitado me proporcionou a oportunidade de ver uma cena muito linda de amor.
Quando cheguei, o meu tio ainda estava aqui – ele passou a noite cuidando do meu avô.
Algum tempo depois, era o momento do banho do meu avô.
Devido à dificuldade de locomoção e autocuidado, o meu tio o auxiliou durante o banho. E eu os assisti.
Eu nunca tinha visto de perto nenhum outro homem pelado até então.
E o que vi hoje foi justamente o meu avô.
E foi algo bem diferente.
Inicialmente, senti uma sensação estranha...uma vergonha bem grande por estar ali.
Porém, passado o momento inicial, percebi-me em um momento de contemplação.
Nada relacionado a sexualidade.
Mais algo como a admiração de quem vê um corpo fragilizado pela longa idade (meu avô tem quase 90 anos) totalmente despido, preenchido por uma alma tão grande e energética que o extravasa.
O corpo do meu avô está fraco, mas a sua mente e a sua alma são muito fortes.
Elas carregam-no para frente.
Voltando ao meu relato...
Posteriormente, o meu tio ficou só de sunga e começou a regular a temperatura do chuveiro.
Após algum tempo, conseguiu estabilizar em uma temperatura agradável e deu banho em meu avô.
E isso foi da mesma forma que dava banho em seus filhos quando eram pequenos e que dá banho em sua filha de quase 2 anos.
Um filho dando banho em seu pai idoso é uma cena repleta de amor e eu nunca me esquecerei disso.
Após o banho, o meu tio o enxugou da cabeça aos pés.

Passado algum tempo, o meu tio teve que ir e então começou o “meu turno”.

Eu não sabia que a vida no hospital era tão agitada!
Entre vários momentos de sono, meu avô fez fisioterapia (inclusive ensinando a fisioterapeuta do porquê que ela estava fazendo fisioterapia nele), caminhada, comeu, tomou remédio, foi “cantado” pela enfermeira (ela ficou encantada com a beleza dos seus olhos azuis) e ouviu Nelson Gonçalves junto comigo.

Além de ouvir música juntos, também conversamos um pouco e isso foi de grande valor para mim.
Não somos tão próximos, mas temos uma conexão boa e muito respeito recíproco.

No fim do “meu turno”, pude olhar para trás e ver que coisas simples é o que realmente valem nessa vida. Um filho cuidar do pai como se fosse um filho. Um neto ouvir música antiga com o avô. 
 
Momentos que tornaram-me ainda mais grato perante a vida e não sairão tão cedo da memória.