Hoje está sendo um dia de novas experiências.
O
meu avô está internado na Unimed. Agora ele está melhor, mas teve
dias difíceis.
Como
não tinha nenhum familiar que pudesse cuidar dele hoje e nesse
momento tenho a possibilidade de fazer o meu trabalho em qualquer
lugar, fui passar o dia cuidando dele.
Chegar
mais cedo do que o solicitado me proporcionou a oportunidade de ver
uma cena muito linda de amor.
Quando
cheguei, o meu tio ainda estava aqui – ele passou a noite cuidando
do meu avô.
Algum
tempo depois, era o momento do banho do meu avô.
Devido
à dificuldade de locomoção e autocuidado, o meu tio o auxiliou
durante o banho. E eu os assisti.
Eu
nunca tinha visto de perto nenhum outro homem pelado até então.
E
o que vi hoje foi justamente o meu avô.
E
foi algo bem diferente.
Inicialmente,
senti uma sensação estranha...uma vergonha bem grande por estar
ali.
Porém,
passado o momento inicial, percebi-me em um momento de contemplação.
Nada
relacionado a sexualidade.
Mais
algo como a admiração de quem vê um corpo fragilizado pela longa
idade (meu avô tem quase 90 anos) totalmente despido, preenchido por
uma alma tão grande e energética que o extravasa.
O
corpo do meu avô está fraco, mas a sua mente e a sua alma são
muito fortes.
Elas
carregam-no para frente.
Voltando
ao meu relato...
Posteriormente,
o meu tio ficou só de sunga e começou a regular a temperatura do
chuveiro.
Após
algum tempo, conseguiu estabilizar em uma temperatura agradável e
deu banho em meu avô.
E
isso foi da mesma forma que dava banho em seus filhos quando eram
pequenos e que dá banho em sua filha de quase 2 anos.
Um
filho dando banho em seu pai idoso é uma cena repleta de amor e eu
nunca me esquecerei disso.
Após
o banho, o meu tio o enxugou da cabeça aos pés.
Passado
algum tempo, o meu tio teve que ir e então começou o “meu turno”.
Eu
não sabia que a vida no hospital era tão agitada!
Entre
vários momentos de sono, meu avô fez fisioterapia (inclusive
ensinando a fisioterapeuta do porquê que ela estava fazendo
fisioterapia nele), caminhada, comeu, tomou remédio, foi “cantado”
pela enfermeira (ela ficou encantada com a beleza dos seus olhos
azuis) e ouviu Nelson Gonçalves junto comigo.
Além
de ouvir música juntos, também conversamos um pouco e isso foi de
grande valor para mim.
Não
somos tão próximos, mas temos uma conexão boa e muito respeito
recíproco.
No
fim do “meu turno”, pude olhar para trás e ver que coisas
simples é o que realmente valem nessa vida. Um filho cuidar do pai
como se fosse um filho. Um neto ouvir música antiga com o avô.
Momentos
que tornaram-me ainda mais grato perante a vida e não sairão tão
cedo da memória.
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