quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Dia atípico.

Hoje está sendo um dia de novas experiências.

O meu avô está internado na Unimed. Agora ele está melhor, mas teve dias difíceis.
Como não tinha nenhum familiar que pudesse cuidar dele hoje e nesse momento tenho a possibilidade de fazer o meu trabalho em qualquer lugar, fui passar o dia cuidando dele.
Chegar mais cedo do que o solicitado me proporcionou a oportunidade de ver uma cena muito linda de amor.
Quando cheguei, o meu tio ainda estava aqui – ele passou a noite cuidando do meu avô.
Algum tempo depois, era o momento do banho do meu avô.
Devido à dificuldade de locomoção e autocuidado, o meu tio o auxiliou durante o banho. E eu os assisti.
Eu nunca tinha visto de perto nenhum outro homem pelado até então.
E o que vi hoje foi justamente o meu avô.
E foi algo bem diferente.
Inicialmente, senti uma sensação estranha...uma vergonha bem grande por estar ali.
Porém, passado o momento inicial, percebi-me em um momento de contemplação.
Nada relacionado a sexualidade.
Mais algo como a admiração de quem vê um corpo fragilizado pela longa idade (meu avô tem quase 90 anos) totalmente despido, preenchido por uma alma tão grande e energética que o extravasa.
O corpo do meu avô está fraco, mas a sua mente e a sua alma são muito fortes.
Elas carregam-no para frente.
Voltando ao meu relato...
Posteriormente, o meu tio ficou só de sunga e começou a regular a temperatura do chuveiro.
Após algum tempo, conseguiu estabilizar em uma temperatura agradável e deu banho em meu avô.
E isso foi da mesma forma que dava banho em seus filhos quando eram pequenos e que dá banho em sua filha de quase 2 anos.
Um filho dando banho em seu pai idoso é uma cena repleta de amor e eu nunca me esquecerei disso.
Após o banho, o meu tio o enxugou da cabeça aos pés.

Passado algum tempo, o meu tio teve que ir e então começou o “meu turno”.

Eu não sabia que a vida no hospital era tão agitada!
Entre vários momentos de sono, meu avô fez fisioterapia (inclusive ensinando a fisioterapeuta do porquê que ela estava fazendo fisioterapia nele), caminhada, comeu, tomou remédio, foi “cantado” pela enfermeira (ela ficou encantada com a beleza dos seus olhos azuis) e ouviu Nelson Gonçalves junto comigo.

Além de ouvir música juntos, também conversamos um pouco e isso foi de grande valor para mim.
Não somos tão próximos, mas temos uma conexão boa e muito respeito recíproco.

No fim do “meu turno”, pude olhar para trás e ver que coisas simples é o que realmente valem nessa vida. Um filho cuidar do pai como se fosse um filho. Um neto ouvir música antiga com o avô. 
 
Momentos que tornaram-me ainda mais grato perante a vida e não sairão tão cedo da memória.

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