terça-feira, 18 de julho de 2017

Vale das sombras

Quando você percebe que o medo está por trás de grande parte das suas escolhas, escolher de forma rápida pode ser uma grande chance para se arrepender.
Olhar para dentro é algo simples. Continuar olhando exige coragem.
O vale das sombras da morte só pode ser visto quando a luz da consciência é jogada sobre a sua vida.
O que antes passava desapercebido agora é a causa de muito zumbido.
A mente, antes, distraída, está agitada e reflexiva.
Como um espelho trincado, reflete de forma distorcida tudo que à sua frente passa.
Como um trem desgovernado, as emoções invadem a cabeça e destroçam os pensamentos.
O sono acumulado também faz seu estrago.
As olheiras denunciam que o seu limite está próximo.
O peso sobre os ombros também.
A dor da perda do que ainda se tem só não é pior do que o luto da morte porque ainda há uma sádica esperança que lhe nutri enquanto suga-lhe todo o restinho de energia que sobrou.
O pessimismo surge quando todos os caminhos lhe levam ao mesmo precipício.
Mas, no fundo, você sabe que você é o(a) único(a) responsável pelo seu caminho e que caminhos pré-definidos ou destino são coisas de mitologia antiga.
A sua vida apenas a você pertence.
Você é responsável pela sua miséria e por sua redenção.
Ninguém além de você mesmo(a) é culpado pelo seu sofrimento, nem é responsável pela sua felicidade.
Faça o que tem que ser feito.
Nesse momento, cerro meus olhos e olho firmemente para o ponto mais obscuro do meu ser.
Me entregar não é uma escolha.
Lutarei até o fim.
Ou até um bom recomeço.
O relógio exige que eu parta e parta meu texto pela metade, deixando no além todo o resto que ainda viria.
Assim, só resta-me partir para mais uma noite incerta.
A única certeza que me resta é que algo acontecerá e eu serei o responsável por isso.
O meu barco já está no mar e agora irei recolher a minha âncora.

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