terça-feira, 31 de outubro de 2017

O nosso problema

Ainda somos muito egoístas
Assim, esquecemos que estamos ligados aos demais
Por isso acabamos comprometendo a nossa felicidade
E jogamos fora a nossa tão almejada paz

Comprometemos, também,
O bem-estar daqueles que nos cercam
Pois as nossas atitudes refletem em todos ao nosso redor
E eles, que tanto acertam,
Acabam sofrendo ao se deparar
Com a incompletude do nosso lado pior

Aquele lado egoísta e insensível
Autoritário e imprevisível
Que apenas olha para o próprio umbigo
E acaba deixando os inocentes presos num eterno castigo

Esquecemos do que realmente importa
De que a vida não é feita de verbos no infinitivo
Mas sim de percepções e ações no presente
Guiadas pelo mais puro sentimento instintivo

Perdemos muito tempo distraídos
Projetando o futuro a partir de traumas do passado
Deixando o presente momento de lado
Enquanto a vida vai escorrendo devagarinho pelo ralo

Ver alguém importante para você
Sofrendo sem ter porquê
Apenas porque você não soube lidar consigo
Acaba se tornando um peso que carregará para sempre contigo

Mas há cura para a tua dor
E, assim como todas as curas,
Ela também vem do mesmo amor
Que recompõe todas as rachaduras

O amor pelos outros
O amor por si
O amor em movimento
Que flui dentro de mim e de ti

Outro detalhe importante
É passar a esquecer o depois
E focar no aqui e agora
Anular as inseguranças e os medos
Bem como todo e qualquer desejo
E se deixar guiar pela voz que vem do coração
Exercendo aquilo que muitos chamam de intuição,
Mas que prefiro chamar de autoconsciência,
Focando toda a sua energia no estado de presença
Aproveitando ao máximo cada segundo
Sem se preocupar com o futuro
E viver, assim, uma vida leve,
Consciente, plena e feliz
Como você de fato merece, 
Sendo livre para fazer o que realmente sempre quis


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Nada é para sempre

Tudo na vida passa
A infância divertida
Uma noite mal dormida
A maior paixão vivida

Tudo na vida passa
O relacionamento de dias ou anos
A pior das dores
A vermelhidão dos olhos em prantos

Tudo na vida passa
As flores coloridas da estação
O frio congelante do inverno
A marquinha do biquíni no verão

Tudo na vida passa
O vício insaciável
O coração despedaçado
O para-choque do carro amassado

Tudo na vida passa
O caos durante o terremoto
A calmaria depois da tempestade
E até mesmo o momento de necessidade

Nada é para sempre
Nem mesmo nossos planos, sonhos e desejos
Nem temores, pavores ou medos
Nada é para sempre e tudo um dia passa

Tudo na vida passa
Tem fim tudo que existe
Apenas as boas lembranças que ficam
Enquanto e até aonde a memória permite

Sendo assim, o que nos resta é aproveitar
E viver intensamente cada segundo
E se algum dia à minha vida você nunca mais retornar
Quero que saiba que tua passagem foi suficiente para sacudir o meu mundo

Pois muito aprendi e muitas boas lembranças construí
Enquanto estive aí perto, junto contigo
Mas sou confiante e no fundo do coração eu sinto
Que por muitas e muitas vezes ainda sentirei o calor do teu corpo aqui comigo

O mundo dá voltas
Os ventos mudam de direção
Assim como os pensamentos
De quem é livre o suficiente para seguir o seu coração

E você é águia que voa
É fera indomável
Com olhos de loba
E um lindo sorriso indecifrável

Aproveite o seu bom momento
Sem olhar para trás
Vivendo sem arrependimentos 
E continue conquistando a tua própria paz

Conte comigo para o que precisar,
Pois sei muito bem ser tanto protetor e guia,
Um grande amigo inseparável,
Quanto uma excelente companhia
E um amante insaciável. 
 

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Arrisque. Confie. Ame.

Ontem de manhã, li um relato triste de uma péssima experiência vivida por uma amiga.
Ela disse foi para um show na madrugada de sábado para domingo e decidiu sair antes da apresentação do cantor principal.
Assim, por volta das 4h, ela saiu do evento sozinha, uma vez que seus amigos decidiram continuar no show e não havia a possibilidade de sair e voltar para ver o show sem ter que pagar novo ingresso.
Ao sair, viu que não havia ninguém na rua..ocasião em que lembrou que o seu carro estava bem longe do local (cerca de 4min de caminhada). O medo tomou conta de sua mente.
Ao verificar que um casal também saiu do show, abordou-os e pediu (praticamente implorando) que eles a acompanhassem até o carro porque a rua estava vazia e estava com muito medo.
Eles simplesmente falaram que não era problema deles e que não podiam fazer nada por ela.
Depois disso, em prantos e apavorada, ela caminhou sozinha nesse longo percurso até chegar ao seu carro.
Felizmente, nenhum mal aconteceu.

Quando li essa história, eu fiquei muito triste com o tamanho da indiferença vivida por ela.
Como poderia alguém agir como esse casal agiu?
Eu entendo que Manaus é uma cidade extremamente perigosa, mas ninguém deveria ser tratado como ela foi.

Ainda ontem, ao sair da Faculdade Nilton Lins (eu estava na Unimed cuidando do meu avô), próximo à primeira parada de ônibus, eu avistei uma mulher visivelmente atordoada se atirando na frente dos carros, pedindo carona/ajuda.
Vi 3 carros passarem direto antes de passar por ela. Eu também não parei. Ela estava próxima a um matagal onde não dava para ver caso tivesse alguém escondido lá.
Porém, senti uma angústia muito grande em meu peito e um sentimento muito forte dizendo para eu parar e ajudá-la.
Era por volta de 16h20min e eu tinha um compromisso às 17h. Isso também ajudou a que eu não parasse de primeira. Veio aquele pensamento de “não tenho tempo” - pura mentida egoísta!
Ainda em fração de segundos, lembrei da história lida de manhã e da angústia e do sofrimento vividos pela minha amiga. Decidi voltar para oferecer ajuda.
Fiz a volta no quarteirão e passei bem devagar por perto do matagal, olhando se não havia risco de ser assaltado quando parasse. Não havia ninguém escondido e nenhum risco aparente.
Parei. Perguntei se podia ajudá-la de alguma forma.
Ela estava chorando e com muita dificuldade de se expressar.
Mas aceitou. Disse que eu poderia levá-la rua acima.
Ela entrou no meu carro, eu ofereci água e pedi para que ela se acalmasse.
Me apresentei. Perguntei o nome dela. Cristiane.
Dirigi enquanto conversava com ela.
Ela tinha passado por péssimos momentos antes de que eu parasse para conversar com ela.
Ela tinha feito um teste de emprego em uma sanduicheria para ser chapeira. Porém, devido ao fato de não saber fritar carne de hambúrguer artesanal, ela foi humilhada de várias formas e não foi contratada, recebendo R$150,00 por 12h de trabalho.
Ao sair do local, devido à forma que foi tratada, ela perambulou sem rumo pelas ruas, indo do CSU até a Nilton Lins, sem saber como tinha feito isso, nem lembrando que caminhos tomou.
Próximo à faculdade, encontrou um bar e resolver beber. Bebeu tanto que perdeu os R$150,00 ganhos, se envolveu em uma briga e levou um soco de um homem que bebia com ela (não necessariamente nessa ordem).
Não bastasse isso, em algum momento da noite, ao ligar para sua mulher (ela é homossexual), elas brigaram e sua mulher disse que sairia de casa e que estava terminando com ela.
Depois o telefone ainda descarregou.
Em algum momento do domingo, ela voltou a vagar sem rumo.
Quando eu a abordei, às 16h20min, ela não parecia embriagada, mas claramente estava emocionalmente destruída.
E literalmente perdida, sem saber onde estava e nem sequer se lembrando de onde morava.
Nós conversamos por mais de 2h.
Ela tem a minha idade (25 anos). Mas tivemos história de vida bem diferente.
Ela tem um filho de 4 anos que deixou na casa dos pais após se assumir como lésbica. O pai dela é extremamente homofóbico e o convívio era impossível. Como ela saiu de casa sem ter emprego e sem condições de sustentar o filho, ela o deixou com os avós. Esses dois fatos (a rejeição por parte do pai e o abandono do filho) foram claramente marcantes para ela e trazem muita dor para a sua vida.
Ela ainda mantém contato com o filho e com a mãe.

Após muita conversa, ela foi se lembrando das coisas. Fomos ao bar que ela tinha estado, pois ela quis conversar com algumas pessoas para saber do dinheiro dela. Sem resultado. A mulher que cuidou das coisas dela afirmou que não pegou o dinheiro dela.
Depois que saímos de perto do bar, continuamos conversando até que verifiquei que ela estava bem melhor. Ela entendeu que, por pior que seja, uma hora essa dor vai passar.
Ela também se lembrou de onde morava. No bairro Zumbi, próximo ao T5.
Dirigi até uma parada de ônibus que passava algum ônibus que servia para ela chegar em casa. Dei dinheiro para que ela pegasse o ônibus (ela estava sem dinheiro)e anotei em uma folha de papel as coordenadas que ela deveria seguir para chegar em casa.

Ao nos despedirmos, ela me agradeceu muito e disse que estava pensando em se matar e que eu fui um anjo em sua vida.
Nos abraçamos. Ela desceu do carro e foi para a parada esperar o ônibus. Eu segui o meu caminho.
Cheguei no meu compromisso com 2h de atraso. Mas valeu muito a pena cada segundo.

Após tudo isso, senti uma necessidade gigantesca de escrever e compartilhar essa história.
Sabe, se eu não tivesse lido a história da minha amiga, eu talvez não tivesse parado para ajudar a Cristiane. E talvez ela hoje fosse mais uma vítima da depressão e do suicídio.
A história da minha amiga me inspirou a agir diferente da maioria das pessoas.
A indiferença vivida por ela me revoltou e me fez ficar ainda mais atento ao próximo e às suas necessidades.
Sei que nem sempre podemos ajudar o próximo.
Sei que a cidade está muito perigosa e o que fiz foi arriscado.
Mas também sei que precisamos confiar mais.
Precisamos amar mais e julgar menos.
Precisamos cuidar do outro.

Juntos somos mais fortes.
Juntos podemos mudar o mundo e torná-lo melhor do que é.

Sejamos a mudança.
Façamos o milagre acontecer.

Amar é ação. Nem que seja apenas ouvir e abraçar. Apenas isso já pode ser o suficiente para salvar uma vida ou, pelo menos, para melhorar o dia de alguém.

Dedico o meu pensamento positivo à Cristiane e a todas as pessoas que estejam passando por um momento difícil.


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Dia atípico.

Hoje está sendo um dia de novas experiências.

O meu avô está internado na Unimed. Agora ele está melhor, mas teve dias difíceis.
Como não tinha nenhum familiar que pudesse cuidar dele hoje e nesse momento tenho a possibilidade de fazer o meu trabalho em qualquer lugar, fui passar o dia cuidando dele.
Chegar mais cedo do que o solicitado me proporcionou a oportunidade de ver uma cena muito linda de amor.
Quando cheguei, o meu tio ainda estava aqui – ele passou a noite cuidando do meu avô.
Algum tempo depois, era o momento do banho do meu avô.
Devido à dificuldade de locomoção e autocuidado, o meu tio o auxiliou durante o banho. E eu os assisti.
Eu nunca tinha visto de perto nenhum outro homem pelado até então.
E o que vi hoje foi justamente o meu avô.
E foi algo bem diferente.
Inicialmente, senti uma sensação estranha...uma vergonha bem grande por estar ali.
Porém, passado o momento inicial, percebi-me em um momento de contemplação.
Nada relacionado a sexualidade.
Mais algo como a admiração de quem vê um corpo fragilizado pela longa idade (meu avô tem quase 90 anos) totalmente despido, preenchido por uma alma tão grande e energética que o extravasa.
O corpo do meu avô está fraco, mas a sua mente e a sua alma são muito fortes.
Elas carregam-no para frente.
Voltando ao meu relato...
Posteriormente, o meu tio ficou só de sunga e começou a regular a temperatura do chuveiro.
Após algum tempo, conseguiu estabilizar em uma temperatura agradável e deu banho em meu avô.
E isso foi da mesma forma que dava banho em seus filhos quando eram pequenos e que dá banho em sua filha de quase 2 anos.
Um filho dando banho em seu pai idoso é uma cena repleta de amor e eu nunca me esquecerei disso.
Após o banho, o meu tio o enxugou da cabeça aos pés.

Passado algum tempo, o meu tio teve que ir e então começou o “meu turno”.

Eu não sabia que a vida no hospital era tão agitada!
Entre vários momentos de sono, meu avô fez fisioterapia (inclusive ensinando a fisioterapeuta do porquê que ela estava fazendo fisioterapia nele), caminhada, comeu, tomou remédio, foi “cantado” pela enfermeira (ela ficou encantada com a beleza dos seus olhos azuis) e ouviu Nelson Gonçalves junto comigo.

Além de ouvir música juntos, também conversamos um pouco e isso foi de grande valor para mim.
Não somos tão próximos, mas temos uma conexão boa e muito respeito recíproco.

No fim do “meu turno”, pude olhar para trás e ver que coisas simples é o que realmente valem nessa vida. Um filho cuidar do pai como se fosse um filho. Um neto ouvir música antiga com o avô. 
 
Momentos que tornaram-me ainda mais grato perante a vida e não sairão tão cedo da memória.

sábado, 14 de outubro de 2017

Quebra-cabeça

Cada vez que fecho os meus olhos
Me vem aquele cheiro
Que exala da tua pele
Após o meu beijo

Reações químicas acontecem
Em alta intensidade
Quando nossos corpos se unem
Saciando a nossa vontade

Nos encaixamos perfeitamente
Como as últimas duas peças de um mesmo quebra-cabeça
Que se completam mutuamente
Finalizando uma obra de extrema beleza

Mas você tem medo que eu lhe faça sofrer
Ou traga problemas demais para a sua vida
Não tenho como nada te prometer
Apenas que me esforçarei para ser sempre uma ótima companhia

Então saiba, desde já, que eu me importo demais contigo
E você sempre terá em mim um grande e verdadeiro amigo
E independentemente do tipo de problema que eu venha a criar
A minha maior arte é a cura de problemas difíceis de solucionar

Eu sinto o sim escondido
Atrás de cada não teu
E cada vez que é preciso
Eu sempre te provo o quanto mereço

Então apenas deixe-me entrar
E preenchê-la completamente
E bagunçar de uma vez por todas
A tua vida e a tua mente

Eu sou a maré viva
Que invade, inunda e renova
Que destrói e depois traz vida
Tornando-a terra fértil e nova

Você é um vulcão repleto de energia
Prestes a entrar em erupção
Então deixe-me ser o terremoto
Que vai ajudá-la a liberar toda essa tensão

Esqueça o passado, desista do futuro
Apenas fecha os olhos e vem comigo
Pois quando estamos juntos nada mais importa
Não há medo nem receio de nenhum perigo do lado de fora

Só há o momento presente
O melhor presente que recebemos
A única coisa que é real
No meio desse tornado de pensamentos

Você diz que há vidas a gente se conhece
Mas eu sinto isso desde o primeiro olhar
Quando o encontro de nossas almas
Encheu-me de vontade de lhe conhecer e decifrar

Os astros e estrelas, por sua vez, dizem que eu te escravizo
Mas a nossa relação não é de escravidão e sim de protetor e rainha
Eu sigo os teus passos em qualquer direção e faço a tua escolta
Enquanto você, no meio da escuridão, caminha sempre sozinha

O que eu faço é cuidar e preservar
Essa é a minha forma de demonstrar carinho e amor
Não tente a minha natureza mudar
Simplesmente me aceite exatamente como eu sou

Eu não posso lhe fazer feliz
Essa escolha só pertence a você
Mas, se quiser, posso contribuir
Enchendo a sua vida de muito prazer

Me ajude a acabar com a distância
Que nos impede de juntos estar
Para que possamos ser o rio que flui 
Do topo da montanha até o fundo mar 

Minha natureza clama pela tua
Meus instintos vão de encontro aos teus
Então aceite o meu contive
De tê-la mais uma vez envolta em braços meus