sábado, 1 de fevereiro de 2020

Esfinge indecifrável

Hoje você veio me visitar
Nem deu tempo de sentir saudade
Passou tanto tempo da última vez
Esperava que seu regresso demorasse um pouco mais
Pelo menos, no mínimo, mais de um mês

Não tenho nada contra você
Até porque costuma ser uma grande musa para mim
Inspira-me tanto quanto aprisiona
Sinto-me sufocado enquanto você serve ao seu fim

Hoje à tarde voltei a tocar baixo
Você este presente em todas as notas
Trouxe contigo belos acordes
E um forte aperto no meu peito

As pessoas te confundem com a sua irmã mais nova
Apesar de não a conhecer pessoalmente,
Acho impossível confundi-la com você
Você é dominadora, mas permite ser usada
Ela, até onde sei, só fica enquanto está intocada

Já tentei te entender e até mesmo aceitar
Mas és esfinge indecifrável
Um navio naufragável
Que anseia o fundo do mar

E nessa tua busca pelo que há de mais pesado
É pesado demais para mim estar aqui ao teu lado
Pois, mesmo sem querer, acabo sendo arrastado
E, mais uma vez, como sempre, sinto-me sufocado

Sinto-me tão bem na tua ausência
Fico repleto de uma livre leveza
Porém sou tão acostumado com a tua presença
Que aprendi a lidar com esse teu ar de realeza

Assim, mesmo sabendo que sem você sou mais feliz
Não fujo e fico aqui à tua mercê
Iludido pela tua imensa beleza
Oh, minha querida e inspiradora tristeza.

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