segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Minha vida, minhas lentes

O som que sai do meu coração
Atravessa enormes distâncias até chegar a você
E junto com ele vai essa canção
Que escrevo agora, ao anoitecer

Tudo que é superficial
Não resiste ao real
E cai como a máscara abandonada
Quando a festa chega ao final

Há várias formas de beleza
E elas variam conforme os olhos de seus espectadores
Por mais que o belo exterior seja contemplável com a visão
A beleza mais profunda só pode ser sentida com o coração

E neste momento da minha vida
Meu coração está aberto ao amor
Às belezas antes não percebidas
Às forças que cansei de me opor

Fui camaleão, fui serpente, fui leão
Também voei um pouco por aí
Mas decidi regressar ao ninho que me acolheu
À vida que me conduz ao apogeu

O que antes era uma prisão
Passou a ser um belo museu
Repleto de histórias antigas
Trechos e mais trechos desta breve vida
Que presencio a cada dia

Ao escolher as lentes que uso
Passo a dominar o meu mundo
E todas as feras interiores
Ao abandonar a complexidade
E deixar de lado a vaidade
Vivo finalmente sem grandes temores

Assim, findas as inúmeras tempestades
Quando o dilúvio começa a secar
As terras aos poucos reaparecem
E novas flores começam a brotar

A arte ressurgiu
Como um belo amanhecer
De tantas formas possíveis
Brindando este singelo ser

Sentimentos indomáveis
Passaram então a ser aceitos
Enquanto foram aos poucos destruídos
Todos os ex-planos perfeitos

A perfeição foi deixada de lado
Neste novo amanhecer
Quando vi o amor-fênix ser destronado
E dar lugar ao melhor sentimento que poderia haver:

A liberdade de ser feliz mesmo sem se ter tudo que quis
A liberdade de fazer o que se quer
A liberdade de querer o que se faz
A liberdade de escolher viver em paz

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