sábado, 31 de outubro de 2015

O poder de uma boa ação

Hoje eu fui encher os garrafões de água em um poço próximo de casa. Chegando lá, havia um senhor (aproximadamente uns 70 anos) com um garrafão quase cheio. Ao completar de encher o garrafão, ele fechou a torneira e se dirigiu vagarosamente ao seu carro que estava estacionado próximo ao local. Abriu a porta do Celta também de forma bem devagar. Ao observar que ele estava voltando para pegar o garrafão cheio, eu me ofereci para carregar o garrafão até o seu carro. Ele agradeceu e até ofereceu pagar algo para mim. Óbvio que recusei, afinal não o fiz por interesse, apenas para ajudar alguém que claramente não tinha condições de fazer o que estava prestes a fazer.

Esse é o exemplo do que me aconteceu hoje. Uma simples e rápida saída de casa, um simples contato com alguém desconhecido e a chance de fazer uma simples boa ação.

Tudo isso me gerou um sentimento tão bom. Ser útil nos faz sentir bem. Ser útil e ajudar alguém que precisa de ajuda, nos faz sentir ainda melhor.

Muitas vezes vivemos ilhados em nossas próprias vidas, sempre apressados e cheios de prioridades que não temos a capacidade de olhar para o lado e enxergar o outro. Seja um outro alheio, desconhecido, ou um outro próximo, com o qual convivemos diariamente.

Precisamos de mais altruísmo, sensibilidade e ação. Pois não basta apenas sentir a dor do outro nem se colocar no lugar dele, também temos que agir para ajudar àqueles que precisam. A nossa vida é curta demais para perdermos tempo olhando só para dentro. Temos que sair da nossa bolha, observar e atuar no mundo lá fora. Sempre de forma justa e benévola.

Experimente fazer uma boa ação todos os dias e veja o quão bem isso fará para você e para o mundo ao seu redor.

Seja luz sempre!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Abrace a imperfeição e a dinamicidade da vida

Muitas vezes erramos ao planejar demais as coisas e esquecer que a vida é dinâmica. O mundo não para de girar e, junto com ele, todas as coisas ao nosso redor estão sempre em movimento, em transformação.

Por mais bem concebida que seja uma ideia, ela é perfeita em seu mundo – no mundo das ideias -, mas nunca será tão perfeita quando externalizada e concretizada em nosso mundo.

Assim, por mais que planejemos alguma coisa; por mais que tentemos prever cada detalhe minunciosamente, sempre devemos deixar aberta a possibilidade de que um fator externo mude completamente o rumo das coisas.

Pensando dessa forma, mudamos as expectativas criadas em cima dos fatos que ocorrem em nossa vida e nos frustramos menos. Considerando sempre essa possibilidade – de que as coisas podem “dar errado” ou ocorrerem de forma diversa do planejado -, evitamos o sofrimento desnecessário quando a vida real não corresponder à perfeição idealizada.

Olhando por outro lado, a imperfeição da vida e a imprevisibilidade do futuro é o que garante que o presente “perfeito” (ou, pelo menos, algo que se aproxime disso) seja tão gostoso de ser vivido. É o que torna tão valoroso o momento em que “tudo deu certo”.

Da mesma forma que a escuridão nos ensina que a luz é tão bela; que o frio nos ensina a amar o Sol e o calor; que a dor nos ensina a buscar a alegria; e que a ausência nos ensina a aproveitar ao máximo a presença, a imperfeição da concretização das ideias nos ensina na valorizar cada segundo de perfeição que podemos vivenciar.

Dito isto, desejo a você uma vida de imperfeição recheada de vários momentos sutis da mais pura perfeição!

Seja feliz, aqui e agora, aconteça o que lhe acontecer.

domingo, 25 de outubro de 2015

R.I.P.

Ontem eu acordei com uma notícia que preferia nunca receber: a namorada de um amigo tinha falecido.

Foi a 5ª vez nesse ano que recebi uma notícia do tipo.

2015 tem sido um ano bem difícil nesse sentido. Mas também tem sido um ano de muito aprendizado de vida para mim. Após tantas perdas diretas ou indiretas, aprendi a ver a morte de uma forma diferente. Antes eu a via como algo injusto, como fonte de dor e desespero. A morte era, para mim, como se algo precioso fosse-me roubado e destruído na minha frente, sem chances de defesa. Agora, eu vejo a morte como algo natural: tudo que é vivo no mundo morre um dia e, ao morrer, se transforma.

Essa transformação é uma lei da natureza. Somos vivos enquanto nossas moléculas estão integralizadas, formando um todo. Quando morremos, nos desintegramos e voltamos a fazer parte da natureza que nos cercava anteriormente. Essa é a abordagem física da coisa. 

Quanto à abordagem espiritual, passei a ver a morte como o fim de uma etapa e o início de outra. Após ver tantas mortes que eu considerava injustas e a refletir um pouco sobre o assunto, passei a acreditar em reencarnação. Se compararmos com a explicação física do parágrafo anterior, podemos ver que a ideia da reencarnação faz muito sentido: tudo que é vivo no mundo um dia nasce (ou seja, suas moléculas formam um todo), cresce (através da alimentação – junção de novas moléculas), morre e se junta novamente à natureza (desintegração e dispersão de suas moléculas); após a morte, passamos a fazer parte do ar, da terra e da água, voltando um dia a servir de alimento (no sentido geral, ou seja, através do ar que se respira, da água que se bebe ou da comida que se come) para outro ser vivo (do qual faremos parte ao integralizarmo-nos com o seu todo). Assim, na parte espiritual, acredito que o ciclo seja o mesmo: nascemos (tomamos consciência em um corpo), crescemos (evoluímos espiritualmente através das experiências vividas), morremos (perdemos a consciência, mas mantemos a evolução espiritual e nos juntamos ao todo maior) e reencarnamos (começamos o ciclo novamente).

Após enxergar a morte dessa forma, passei a não sofrer com as perdas próximas. Eu realmente consegui me desapegar do meu lado egoísta que não aceitava “deixar ir” alguém próximo que falecia. Assim, passei a focar as minhas energias em algo mais útil do que na dor sem fim.

Eu passei ver a morte como um ensinamento para aqueles que vivem: aproveitem ao máximo as oportunidades de terem experiências humanas com todas as pessoas, principalmente as mais próximas, do seu convívio diário, porque somos muito frágeis e podemos partir deste mundo a qualquer momento. E como cada ser humano é um universo diferente, não sabemos quando será a última ou única chance de conhecer um desses universos e aprender algo com ele.

A partir daí, tento vivenciar isso ao máximo e aproveitar cada segundo de humanidade que me é disponível. Acredito que somente assim há a verdadeira evolução a que estamos destinados.

Quanto à dor da perda de alguém próximo, ela ainda existe, mas é uma dor necessária, que me faz lembrar de tudo que escrevi ao longo desse texto, pois, com o passar do tempo, tendemos a nos afastar dessas palavras e deixar um pouco de lado esse ideal de vida (aproveitar ao máximo cada segundo de humanidade).

Essa é a forma que eu vejo a morte, não sei se é a forma correta ou a real forma como as coisas são, mas tem me ajudado muito a não sofrer tanto e a ser mais feliz, mesmo com tantas perdas ao meu redor.

Espero, do fundo do meu coração, que essas palavras sirvam para auxiliar alguém que está passando por esse momento difícil.

Muita luz a todos nós!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Pare. Respire. Levante a cabeça. Vá à luta.

Às vezes, precisamos nos redescobrir...

Ler novamente livros que serviram de tijolos para a nossa formação;

Relembrar dos momentos que nos ensinaram alguma importante lição;

Ouvir mais uma vez aquela música que nos afasta de qualquer receio;

Tirar todas as máscaras antes de olhar no espelho;

Precisamos lembrar do porquê de estarmos fazendo o que fazemos;

Qual o propósito que nos mostra que realmente estamos vivendo?

Ou será que estamos apenas morrendo dia a dia?

Sem sentido, tentamos raciocinar em meio a tanta correria;

O mundo gira rápido demais, enquanto nós ficamos aqui, parados;

E o tempo não para jamais, nem volta para buscar os retardatários;

Mas não veja o tempo como o inimigo que precisa ser derrotado;

Vaja-o como o amigo que caminha sempre ao seu lado;

Use-o a seu favor.

Viva o presente, sem angústia nem temor!

Faça o que fizer com muito carinho e amor,

Disciplina e dedicação;

Agora, faça uma coisa por si:

Saia daqui!

E vá à luta, meu irmão!

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Eu não sei. E você?

Sabe aqueles dias em que tudo que você queria era estar em um lugar distante?

Sabe aqueles dias em que as tuas máscaras estão tão pesadas que você sente vontade de tirá-las antes de encarar o espelho novamente?

Sabe aqueles dias em que os teus segredos estão tão acumulados na garganta que te sufocam enquanto você luta para respirar?

Sabe aqueles dias em que você gostaria de voltar no tempo e reviver algum momento puro que ficou para trás?

Sabe aqueles dias em que você fecha os olhos para não ser visto?

Sabe aqueles dias em que o pedal do freio está tão duro que você não consegue diminuir a velocidade dos teus pensamentos?

Sabe aqueles dias em que a banheira transborda e molha todos os teus planos?

Sabe aqueles dias em que nada dá errado, mas, mesmo assim, nada dá certo?

Sabe aqueles dias em que você enrola para que ele simplesmente passe voando?

Sabe aqueles dias em que o tempo parece parar para observar o acidente da faixa ao lado?

Sabe aqueles dias em que o teu coração está apertado sem motivo algum?

Sabe aqueles dias em que a mesma música toca em três estações diferentes do rádio?

Sabe aqueles dias em que um terremoto abala todo o sistema e faz surgir um tsunami dentro de ti?

Sabe aqueles dias em que a simplicidade se confunde com o desleixo e o cuidado com o desamor?

Sabe aqueles dias em que o eu fala mais alto que o nós?

Sabe aqueles dias em que você acorda nômade e vai dormir peregrino?

Sabe aqueles dias em que as tuas palavras só fazem sentido para quem está na mesma frequência?

Sabe aqueles dias em que você desaponta quem lhe admira e sofre mais por saber disso do que por causa de um eventual arrependimento?

Sabe aqueles dias em que as suas prioridades foram suspensas porque você já não reconhece a voz que fala no seu ouvido 24 horas do seu dia?

Sabe aqueles dias em que você cai e se levanta para cair mais uma vez?

Sabe aqueles dias em que você aprende a viver quando para tudo por alguns minutos?



Eu não sei, mas, se soubesse, escreveria um texto sobre isso tudo. 



domingo, 11 de outubro de 2015

Facebookcídio*

Há tempos venho alimentando uma ideia. Dia a dia, vem crescendo em mim a vontade de parar de usar o facebook. Na verdade, não é bem uma vontade, mas uma necessidade, visto que não consigo utilizá-lo com moderação e prudência.

Quando começo a usar, seja para postar algo ou para me comunicar com algum amigo que não tenha whatsapp, eu não consigo parar. Abro janelas e mais janelas ao clicar nos vários links que surgem durante uma “olhada rápida” na página inicial.

Assim, ao longo dos últimos meses/anos, eu perdi muito tempo vagando por essa plataforma virtual e todas as demais interligadas com ela sem ter noção do quanto poderia ter aproveitado melhor esse tempo perdido...tempo esse que não volta mais.

Tempo. O nosso bem mais valioso. Logo ele, de forma negligente, eu gastei sem objetivo, sem inteligência. Tempo gasto com inteligência é aquele gasto para o bem comum. É o tempo útil. No facebook, talvez até tenha feito algo positivo para alguém com alguma frase, imagem ou vídeo postado, mas, ainda assim, eu poderia ter rendido muito mais para muito mais gente se tivesse usado esse mesmo tempo dedicado a algo útil e real, não virtual.

Hoje eu acordei com uma ideia fixa: a ideia de fazer o que é certo, de fazer o que é melhor para a sociedade, o que é útil para ela e, consequentemente, para mim. Assim, decidi parar de perder meu tempo com algo que não acrescenta muita coisa útil (sim, acrescenta muita informação e distração, mas nem tanta coisa realmente útil). Decidi parar de me distrair com um vício – sim, sou viciado em facebook! – e aplicar o meu tempo em algo produtivo e que renda frutos mais válidos do que simplesmente pequenas alegrias imediatas.

Ainda não estou preparado para apagá-lo de vez, até porque tem muita coisa boa que escrevi/postei e não sei se tem como recuperar caso eu o apague. Assim, acho que a melhor saída é dar um tempo. A minha meta é ficar 6 meses sem entrar no facebook. Não sei se ficarei tudo/só isso, mas ficarei o tempo que achar necessário. Caso caia em tentação durante alguma crise de abstinência e volte a usá-lo em poucos dias, por favor, não me julgue. Estou em um longo processo de desapego. E desapegar-se de um vício que lhe proporciona muito prazer é algo difícil. É preciso um processo de reconstrução de si mesmo. Mas com foco, disciplina e dedicação, eu conseguirei atingir essa meta.

Então, por hora, não será um facebookcídio autêntico. É apenas uma temporada de férias longe desse mundo tão dinâmico e distrativo.

Abraço a todos e nos vemos por aí, pelas ruas de Manaus ou do Mundo.



*palavra que vi pela primeira vez nesse texto: http://www.papodehomem.com.br/cometi-facebookcidio/


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Amigos

Tenho amigos de verdade
e amigos de mentira
Amigos da balada
e amigos da boemia
Amigos que há muito não vejo
e amigos que prefiro não ver
Amigos por quem não daria a minha vida
e amigos por quem jamais pensaria em morrer
Amigos de facebook
e amigos “face-to-face”
Amigos para conversar
e amigos para sair
Amigos para multiplicar
e amigos para dividir
Amigos que me fazem muito bem
e amigos que não fazem tanto
Amigos que não são amigos
e que não merecem sequer um verso dessa poesia
Diferente dos amigos que conto nos dedos
e que levo pra toda a vida

Obrigado por tudo, meus amigos!


domingo, 4 de outubro de 2015

Da paixão.

- Mestre, estou apaixonado. A minha musa é uma menina linda. Ela tem um olhar encantador; sua voz é doce como a de uma sereia; ela tem o sorriso mais radiante deste mundo; e seus belos cabelos parecem raios de Sol. Ela invadiu a minha mente e o meu coração. O que faço agora?

- Aproveita ao máximo, mas não se deixe cegar pela paixão!

- Como assim, Mestre?

- A paixão é uma coisa boa, mas também pode ser a ruína do homem. Ela pode ser a melhor coisa que acontece a alguém ou a sua maior desgraça. Ela motiva o homem a fazer coisas grandiosas. Ela o motiva a levantar da cama e a atravessar um reino inteiro em busca de sua paixão. Ela o motiva a matar quantos leões e inimigos forem necessários para isso. Ela o motiva a ser criativo e audacioso. Mas ela também pode cegá-lo e fazê-lo cometer erros graves. Ela pode estimulá-lo a dar início a guerras desnecessárias, bem como a falar demais e a falhar em tantos níveis quantos forem imagináveis. A paixão deixa o homem corajoso e imprudente. Faz com que ele se sinta imbatível, impunível e imortal… ao mesmo tempo que faz com que ele seja irresponsável, insensato e estúpido.

- Mestre, você já se apaixonou alguma vez?

- Claro que sim! Eu sou homem, filho de Eros, descendente de Afrodite. Já me apaixonei várias vezes e cometi erros em todas elas, até que certa vez aprendi a me apaixonar sem perder a razão.

- Me diga então, Mestre, como você fez para não cometer mais erros nas suas paixões?

- Eu me apaixonei sempre que pude e vivi cada paixão ao máximo. Mas percebi que a paixão passa. Não importa quão boa e perfeita ela seja, ela passará. Sendo assim, algo passageiro, não há porque permitir que ela lhe domine e lhe exponha a equívocos.

- Mestre, quer dizer que a minha paixão também passará?

- Sim, com toda certeza. Mas você ainda poderá se reapaixonar pela sua musa quantas vezes for necessário. A paixão tem começo, meio e fim, mas, como uma fênix, ela pode ressurgir cada vez que você quiser. Você não controla quando ela surge pela primeira vez, mas você pode alimentá-la quando ela estiver desaparecendo, fornecendo energia suficiente para que ela ressurja sempre que desejar.

- Então é possível se apaixonar mais de uma vez pela mesma pessoa?

- Claro que sim. Você pode se apaixonar e reapaixonar quantas vezes estiver disposto. E cada paixão é única e intensa como deve ser, mesmo que seja pela mesma pessoa pela qual você já se apaixonou mais de 300 vezes.

- Existe alguma forma para que eu não cometa erros, mesmo sendo a minha primeira paixão?

- Sim. Mas somente você será capaz de descobrir a sua forma. O conselho que dou é: mantenha sua mente sempre mais rápida que a sua boca. Não prometa o que não pode cumprir. Não dê a sua palavra motivado por uma paixão. Nada vale mais nesse mundo do que a palavra de um homem, então não se comprometa a algo sem refletir bastante antes. Se a sua paixão cegá-lo (e ela vai fazer isso), fique com os seus ouvidos atentos, com a sua boca fechada e com a mantenha-se consciente a todo momento. Quando a cegueira passar, observa o mundo ao seu redor com cuidado antes de dar o próximo passo. Ande com cautela e não cometa erros que afastem a sua musa. Preserve-a acima de tudo, principalmente se ela também estiver apaixonada por você.

- E se ela não estiver apaixonada por mim?

- Preserve-a do mesmo jeito. A diferença é que se ela não estiver apaixonada por você e você cometer algum erro, provavelmente, ela não ligará e entenderá que você errou porque estava apaixonado. Caso ela também esteja apaixonada, há grande chande dela também estar cega, como você. Estando apaixonada, ela o colocará num pedestal e o enxergará como algo próximo à perfeição que ela deseja. Assim, se falhar com ela, você a decepcionará não pelo seu erro, mas sim pela desconstrução dessa imagem. E isso poderá ser a sua ruína. Portanto, pequeno gafanhoto, aproveite a sua paixão ao máximo, mas preste atenção nos seus movimentos para que não cometa erros. Boa sorte!

"Obrigado, Mestre!" - disse o discípulo, antes de ir ao encontro de sua musa e decepcioná-la algumas vezes. 


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Eles nunca estão satisfeitos com nada!


Eles passaram meses e meses reclamando do calor e do Sol.

Clamaram a Deus por, pelo menos, um dia de trégua.

Índios urbanos tentaram fazer a “dança da chuva”, mas eles erraram alguns passos...
E Deus os ouviu.

- Se eles não querem mais Sol e calor, eu lhes darei uma folga.

Veio então a fumaça que encobriu o Sol e amenizou o calor que os incomodava.

Mas, como típicos seres humanos, eles não estavam satisfeitos. Reclamaram mais uma vez e pediram piedade a Deus, pois a fumaça os sufocava e deixava tudo com cheiro de cigarro.

- Eu realmente não sei onde foi que eu errei ao criá-los… nunca estão satisfeitos com nada!
Reclamaram do calor, eu amenizei a temperatura.
Reclamaram do Sol, eu escondi a estrela maior.
Agora reclamam da fumaça...
O que queriam? Chuva outra vez?
Quando, no passado, dei chuva, reclamaram que o rio estava ficando muito cheio.
Quando sequei o rio, reclamaram que estava ficando muito seco.
Eu realmente não sei mais o que fazer, eles nunca estão satisfeitos…


Enquanto isso, mais queixas chegam na sua caixa de mensagens.


- Meu Deus, livra-nos dessa fumaça maldita!

- Meu Senhor, traga ventos que expulsem esse mal da nossa cidade!

- Deus maior, suplico a vós que poupe-nos dessa fumaça que nos assola!

- Meu Deus do céu, que fumaça horrível!

- Ai meu Deus, o que aconteceu com esta cidade?

- Hoje acordamos em Silent Hill, meu Deus do céu, que fumaça é essa? (“que diabos é Silent Hill?”, pergunta Deus a si mesmo ao ler essa mensagem).


Nesse momento, Ele resolve deixar tudo isso de lado. Desliga o seu notebook e sai para respirar um pouco de ar fresco (sem fumaça, claro, já que ela está toda por aqui).



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

E se hoje fosse o último dia?

Quanto tempo você ainda tem de vida?

O que você faria de diferente se soubesse que, em vez de mais 60, terá somente 6 anos?

E se tivesse apenas 3 meses?

Ou, quem sabe, se hoje fosse seu último dia? O que você faria de diferente?

O que você deixaria para o mundo?

O que você faria ou deixaria de fazer nas próximas horas?

Um último beijo apaixonado?

Um abraço apertado?

Receberia um beijo no rosto ou daria um chupão no pescoço?

Ou apenas ficaria olhando o sorriso daquela que te fez tão bem?

Rezaria ou meditaria? 

Escreveria um texto ou criaria uma bela canção?

Qual seria a sua última refeição? E seu último gole?

Você abraçaria primeiro seus pais ou seus cachorros?

Que amigo você visitaria nesse momento?

O que você faria na sua última hora?

Como você encararia o último minuto?

Com medo ou confiança?

Com pesar ou gratidão?

Iria encarar de frente ou iria lamentar não ter uma máquina no tempo para voltar atrás 3 dias e fazer tudo diferente?

E os últimos 10 segundos?

No que você pensaria?


Dez.


Nove.


VIII.


Sete.


Seis.


5.


Quatro.


Três.


2.


Uno.













Tudo o que ele queria era poder apertar o botão de reiniciar.



Olhe primeiro para dentro

Tentamos controlar tudo ao nosso redor, esse é o nosso maior problema.

Acreditamos que podemos ditar o rumo das coisas, implantar ideias nas pessoas, mudar a direção do vento, decifrar os enigmas do universo, prever as reações das pessoas da mesma forma que prevemos o clima.

Mas a vida não funciona assim.

Como podemos querer controlar tudo que está fora, se não conseguimos sequer controlar o que está dentro?

Somos ansiosos, impulsivos, compulsivos, emotivos, passionais, descontrolados em todos os níveis.

Dizem que toda revolução vem de dentro; que antes de limpar o quintal, devemos limpar a cozinha.

Sendo assim, por que insistimos em tentar mudar o que está além do nosso alcance antes de mudarmos o que só depende da gente?

Por que relutamos em tentar controlar tudo que é externo (e, obviamente, incontrolável) e não damos a mínima para o que ocorre em nosso interior?

Não sei muito da vida, mas o pouco que já vivi foi suficiente para me provar que demos deixar de ser “controladores” e sermos controlados.

Conversando com o espelho

- Doutor, eu tenho um problema.
- Qual?
- Existem dois “eus” aqui dentro: um “eu” bondoso, justo, paciente, amável, altruísta e amigável; e um “eu” egoísta, compulsivo, luxurioso, feroz, que não respeita acordos e não tem limites.
- Ok, entendi. Mas por que você vê isso como um problema?
- Porque é incompatível ser assim e alcançar a sabedoria.
- Alcançar a sabedoria? Esse é o seu objetivo de vida?
- Sim. Na verdade, viver bem o caminho da busca pela sabedoria é o meu objetivo de vida – ainda não tenho certeza se é possível alcançá-la, mas tentarei chegar o mais perto possível.
- Tá certo. Nesse caso, voltemos aos seus dois “eus”. Há quanto tempo eles estão aí?
- Provavelmente, a vida toda. Mas eu tenho consciência da coexistência deles há uns 3 anos.
- Um bom tempo... suponho que as coisas vêm dando certo então. Mas, como funciona isso? Eles têm consciência diversa ou é a mesma agindo de formas diferentes?
- Boa pergunta… assim, eles coexistem e têm a mesma consciência. Ela é una, é minha. Mas eles é que dominam as minhas ações e a minha forma de pensar.
- Tá, mas eles ficam brigando o tempo todo ou cada um “tem a sua vez”?
- Algumas vezes eles brigam sim, mas em regra um “assume o comando” enquanto o outro "hiberna".
- Tô entendendo… como é quando eles brigam?
- Quando um está no comando e ocorre alguma situação que remete ao outro, o outro acorda e tenta “assumir as rédeas”. Daí há o conflito, pois, teoricamente, “tava na vez do outro”. Geralmente ocorre quando me distraio ou “fico no automático”.
- Entendo… mas o que você acha que tem? Uma dupla personalidade? Alguma doença?
- Não sei, oras! Afinal, o médico aqui é você! Foi pra isso que eu vim aqui: para que você me ajudasse com esse meu problema.
- Mas você realmente tem um problema?
- Claro que tenho. Acabei de te contar… ou você acha que é só um descontrole? Você por acaso sente a mesma coisa que eu?
- Claro que sinto. Provavelmente não na mesma proporção, mas todos nós temos dois “eus” internos (algumas pessoas têm até mais do que dois). A questão é que em algumas pessoas (como no seu caso), esse conflito é mais latente. Eu não costumo alimentar essa divisão. Eu tento ao máximo torná-los um só. Você deveria tentar fazer o mesmo.
- Então você sugere que, em vez de eliminar um dos dois, eu deveria misturá-los e torná-los um só?
- Sim, o nome disso é equilíbrio.
- Ok, deixa eu ver se entendi. Então você também tem dois “eus” internos (um bom e um mau), mas eles não lutam aí dentro, ao contrário, eles se uniram e formaram um eu só, nem bom, nem mau. É isso mesmo?
- Bem, mais ou menos. Sabe como é, né? Eu sou humano. E ser humano é isso: não somos nem totalmente bons, nem totalmente maus.
- Você acha isso mesmo?
- Acho sim. Por que? Você pensa diferente?
- Sim. Eu acho que podemos ser completamente bons ou maus. Se for para não ser nem bom, nem mau, eu prefiro continuar com os meus dois “eus” antagônicos. Assim, pelo menos em boa parte do meu dia, eu serei completamente bom e virtuoso, mesmo que às vezes eu libere a fera que existe aqui dentro.
- Não sei se fui claro o suficiente, mas tentarei explicar melhor. Eu vejo assim: esse “eu” virtuoso é o que há de mais elevado na gente, nosso aspecto mais divino (mais puro, se preferir), e é movido por sentimentos elevados e positivos; já o “eu” que você chama de fera é o nosso lado mais animalesco e é movido pelos desejos mais baixos que temos. Assim, a nossa consciência, o meio termo que eu disse, é o nosso lado neutro, humano. Nem divino, nem animal. Simplesmente humano.
- Humm… agora entendi. Mas, assim, você não acha que devemos ser menos humanos (ou neutros, como você definiu) e ser mais “divinos”, mais puros?
- Na verdade, eu não sei. Sinceramente, estou satisfeito com a minha humanidade plena. Nem divino, nem animal, apenas humano. Acho bonita a ideia de se tornar mais puro e querer alcançar a sabedoria, mas o que desejo mesmo é ser cada vez mais humano.
- É doutor, talvez não seja eu que precise de ajuda então.