domingo, 25 de outubro de 2015

R.I.P.

Ontem eu acordei com uma notícia que preferia nunca receber: a namorada de um amigo tinha falecido.

Foi a 5ª vez nesse ano que recebi uma notícia do tipo.

2015 tem sido um ano bem difícil nesse sentido. Mas também tem sido um ano de muito aprendizado de vida para mim. Após tantas perdas diretas ou indiretas, aprendi a ver a morte de uma forma diferente. Antes eu a via como algo injusto, como fonte de dor e desespero. A morte era, para mim, como se algo precioso fosse-me roubado e destruído na minha frente, sem chances de defesa. Agora, eu vejo a morte como algo natural: tudo que é vivo no mundo morre um dia e, ao morrer, se transforma.

Essa transformação é uma lei da natureza. Somos vivos enquanto nossas moléculas estão integralizadas, formando um todo. Quando morremos, nos desintegramos e voltamos a fazer parte da natureza que nos cercava anteriormente. Essa é a abordagem física da coisa. 

Quanto à abordagem espiritual, passei a ver a morte como o fim de uma etapa e o início de outra. Após ver tantas mortes que eu considerava injustas e a refletir um pouco sobre o assunto, passei a acreditar em reencarnação. Se compararmos com a explicação física do parágrafo anterior, podemos ver que a ideia da reencarnação faz muito sentido: tudo que é vivo no mundo um dia nasce (ou seja, suas moléculas formam um todo), cresce (através da alimentação – junção de novas moléculas), morre e se junta novamente à natureza (desintegração e dispersão de suas moléculas); após a morte, passamos a fazer parte do ar, da terra e da água, voltando um dia a servir de alimento (no sentido geral, ou seja, através do ar que se respira, da água que se bebe ou da comida que se come) para outro ser vivo (do qual faremos parte ao integralizarmo-nos com o seu todo). Assim, na parte espiritual, acredito que o ciclo seja o mesmo: nascemos (tomamos consciência em um corpo), crescemos (evoluímos espiritualmente através das experiências vividas), morremos (perdemos a consciência, mas mantemos a evolução espiritual e nos juntamos ao todo maior) e reencarnamos (começamos o ciclo novamente).

Após enxergar a morte dessa forma, passei a não sofrer com as perdas próximas. Eu realmente consegui me desapegar do meu lado egoísta que não aceitava “deixar ir” alguém próximo que falecia. Assim, passei a focar as minhas energias em algo mais útil do que na dor sem fim.

Eu passei ver a morte como um ensinamento para aqueles que vivem: aproveitem ao máximo as oportunidades de terem experiências humanas com todas as pessoas, principalmente as mais próximas, do seu convívio diário, porque somos muito frágeis e podemos partir deste mundo a qualquer momento. E como cada ser humano é um universo diferente, não sabemos quando será a última ou única chance de conhecer um desses universos e aprender algo com ele.

A partir daí, tento vivenciar isso ao máximo e aproveitar cada segundo de humanidade que me é disponível. Acredito que somente assim há a verdadeira evolução a que estamos destinados.

Quanto à dor da perda de alguém próximo, ela ainda existe, mas é uma dor necessária, que me faz lembrar de tudo que escrevi ao longo desse texto, pois, com o passar do tempo, tendemos a nos afastar dessas palavras e deixar um pouco de lado esse ideal de vida (aproveitar ao máximo cada segundo de humanidade).

Essa é a forma que eu vejo a morte, não sei se é a forma correta ou a real forma como as coisas são, mas tem me ajudado muito a não sofrer tanto e a ser mais feliz, mesmo com tantas perdas ao meu redor.

Espero, do fundo do meu coração, que essas palavras sirvam para auxiliar alguém que está passando por esse momento difícil.

Muita luz a todos nós!

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